A polícia militar invadiu, esta quinta-feira, uma escola de ballet que se situa numa das favelas mais violentas do Rio de Janeiro. Esta escola inspirou a atriz Gal Gadot, conhecida pelo papel de “Mulher-Maravilha” para a produção de uma série documental.
O incidente ocorreu por volta das 07h30 (11h30 em Lisboa), quando cinco polícias militares, encapuzados e armados, entraram na sede da escola “Na Ponta dos Pés”, poucos momentos depois de um grupo de alunos ter saído para um passeio, explicou a diretora da escola, Tuany Nascimento.
"Eles começaram a entrar e a remexer nas coisas. Eu disse que eles não tinham o direito de entrar dessa forma, pedi que fizessem o favor de se identificarem, e um deles respondeu que sim, que podiam entrar por onde quisessem, e eles entraram", relatou a diretora à agência espanhola EFE.
O projeto social “Na Ponta dos Pés” funciona como Organização Não-Governamental (ONG), onde é lecionado dança clássica, teatro e artes marciais para cerca de 250 crianças e jovens, como o propósito de lhes oferecer uma opção de vida diferente daquela que se vive na favela, associada à criminalidade e drogas.
A invasão que aconteceu na quinta-feira é algo comum do quotidiano de muitas favelas do Rio de Janeiro, nas quais as autoridades abusam do poder, de acordo com relatos de várias ONG.
Após os agentes abandonarem o local, Tuany Nascimento entrou em contacto com as autoridades da região para pedir esclarecimentos.
"Tudo isso aconteceu por falta de respeito. Não tenho nenhum problema com a figura do polícia, o problema é com a forma como atuam connosco nas favelas, como se não tivéssemos valor, como se não fôssemos humanos, como se nós não tivéssemos o direito a ter direitos", assinalou.
A invasão dos polícias militares ocorreu a poucas semanas de a história deste projeto social ser exibida nos Estados Unidos na série documental “Impact With Gal Gadot” (Impacto com Gal Gadot, em português), produzida pela atriz israelita.
A série é composta por seis episódios, nos quais contam a história de projetos que foram criados por mulheres que lutaram contra a discriminação, violência, opressão e pobreza no Brasil, na ilha do Porto Rico e nos estados norte-americanos de Michigan, Califórnia, Louisiana e Tennessee. O episódio sobre a escola brasileira vai estrear em 31 de junho.