Dia da Criança

Dedico o poema que segue aos que ainda são capazes de sonhar com um mundo melhor: as crianças. As que já foram, as que são e as que serão um dia.

Há mais de um ano que as nossas vidas ficaram viradas do avesso e o mundo de antes faz parte de um passado que parece longínquo e irrecuperável. As crianças foram das mais prejudicadas porque, de um dia para o outro, ficaram privadas de afetos, da escola, do contacto físico, das brincadeiras e, acima de tudo, de uma vida despreocupada e alegre.

Não são as viagens à lua nem as visitas a Marte que nos permitirão seguir em frente. A nossa Terra é única e insubstituível e nem Elon Musk conseguirá convencer-nos do contrário. Não existe um planeta B. Devemos refletir rapidamente acerca do que queremos deixar às próximas gerações porque o tempo é nosso inimigo.

Dedico o poema que segue aos que ainda são capazes de sonhar com um mundo melhor: as crianças. As que já foram, as que são e as que serão um dia.

Ser criança

Quero ser outra vez criança!
Rebolar na relva e esfarrapar
as calças,
Comer diretamente do pote e besuntar a boca.
Acreditar nas fadas e nos duendes,
Ter um amigo especial, invisível e mágico
Para proteger-me dos monstros que me atormentam.

Quero ser outra vez criança!
Fazer trinta por uma linha e pintar a manta toda.
Desenhar um arco-íris do tamanho do mundo,
Abraçar o céu, o sol, o mar e as nuvens.
Correr, saltar, rir e brincar,
Jogar ao faz-de-conta muito 
a sério.

Quero ser outra vez criança!
Sonhar com os olhos bem abertos,
Desfrutar da escola. Hoje e sempre!
Aprender, crescer, renascer, viver,
Inventar, criar, imaginar, 
partilhar
Sem medo, sem preconceitos, 
sem tabus.

Deixem-me ser criança…só mais uma vez!