Pedro Simas: Nenhuma variante quebrou até agora efeito protetor das vacinas

“Não quer dizer que não apareçam casos muito raros, mas nós não nos podemos concentrar no raro e temos que agora olhar para o bem comum, que é desconfinar”, defende o especialista.

O virologista Pedro Simas afirmou, esta segunda-feira que, até agora, não houve qualquer variante do coronavírus SARS-CoV-2 que "quebrasse o efeito protetor" das vacinas contra a covid-19, sublinhando que todas são eficientes a prevenir a doença grave e a morte.

"Não quer dizer que não apareçam casos muito raros, mas nós não nos podemos concentrar no raro e temos que agora olhar para o bem comum, que é desconfinar", defendeu o especialista, em declarações à agência Lusa.

Pedro Simas, do Instituto Molecular da Universidade de Lisboa adiantou que "é muito raro uma pessoa estar vacinada, ter imunidade e contrair a infeção, seja de que variante for, e morrer". Tem de haver outras condições de saúde, como uma doença crónica gravíssima, sublinhou.

Questionado sobre a subida de novos casos de covid-19, o virologista reconheceu que "há um ligeiro aumento", mas considera a situação normal devido ao desconfinamento, e reforçou a ideia de que se trata de números "muito pequenos".

"Neste momento não é problemático que o vírus circule porque os grupos de risco estão protegidas e o vírus já circula com uma disseminação que não é exponencial", salientou.

Por outro lado, lembrou ainda, as pessoas vacinadas ao contactarem com o vírus vão atualizar a sua imunidade, que vai ficar "muito mais completa, contra várias proteínas virais e não só contra uma".

A taxa de vacinação da população, com pelo menos uma dose – 43% – "é suficiente para conferir a imunidade celular, protetora para a doença severa e para a morte", sublinhou, acrescentando que, ao somar-se a estes 43% os cerca de 15% das pessoas imunizadas naturalmente por terem contraído a covid-19, Portugal está quase com "58% de imunidade populacional".

"Num cenário destes, o vírus tem mais dificuldade a disseminar-se" aliado ao facto de se estar no verão, disse, lembrando que, em 2020, apenas 2 a 3% da população estava imunizada no verão e neste momento é 58%.