O presidente da Associação Portuguesa de Museologia (APOM), João Neto, apelou ontem à ação do Ministério das Finanças para dar resposta aos “gravíssimos problemas” nos museus nacionais de todo o país. Em causa está a “falta de recursos humanos e necessidade de obras urgentes” nos edifícios.
O presidente da APOM reuniu na passada quarta-feira com a secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, no quadro do contributo das associações representativas do setor para o relatório elaborado pelo Grupo de Museus do Futuro, e a “criação de uma estratégia para o setor nos próximos dez anos”.
“A elaboração do relatório e de uma estratégia para a próxima década, e também o diálogo mantido entre a tutela e os representantes do setor, foi positiva e importante”, afirmou em declarações à Lusa, alertando que “o problema continua a ser a falta de recursos humanos e financeiros, que poderá ser colmatada com o Plano de Recuperação e Resiliência [PRR], mas é necessária uma intervenção urgente nos próximos dois a três meses para resolver os problemas mais graves”. João Neto sublinhou que a iniciativa “passa por uma decisão política”, sendo necessária “ uma consciencialização do Ministério da Finanças” para os problemas e, acima de tudo, “uma compreensão que o património móvel e imóvel do país está em perigo”. Um dos museus que se viram obrigados a proceder ao encerramento de áreas da exposição permanente foi precisamente o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. As coleções de mobiliário, ourivesaria, cerâmica e artes não europeias deixam de poder ser vistas pelos visitantes.
“À falta de vigilantes em museus, monumentos e palácios na dependência da Direção-Geral do Património Cultural informa-se que a direção-geral está a desenvolver todos os esforços para, no âmbito das suas competências e possibilidades, ultrapassar os constrangimentos amplificados pelo período de férias que se iniciou”, respondeu o gabinete do diretor-geral do Património Cultural, Bernardo Alabaça, contactado pela Lusa. No que concerne às necessidades de obras apontadas pelo presidente da APOM, a DGPC adiantou: “As intervenções previstas no quadro do PRR são compostas por uma fase inicial de projeto, seguida de empreitada, encontrando-se definido que a globalidade da respetiva execução deverá decorrer entre 2022 e 2025”.
No início de junho, no Parlamento, o PS reconheceu que a “escassez crónica de recursos humanos” nos museus e monumentos nacionais apontada pelo relatório do Grupo de Projeto Museus do Futuro era uma situação que deveria ser “resolvida com urgência”.