Joe Berardo foi detido, esta terça-feira – 29 de junho -, por burla, e será ouvido ainda hoje, assim como o seu advogado, que também ficou sob custódia policial, pelo juiz de intrução criminal Carlos Alexandre. Na sequência destes desenvolvimentos, o Nascer do Sol recupera um artigo, da autoria de Cristina Rita, originalmente publicado a 18 de maio de 2019, sobre a fortuna do empresário.
José Manuel Rodrigues Berardo. O nome completo pode não dizer nada ao público em geral, mas corresponde ao de Joe Berardo, a figura que está no epicentro de todas as polémicas. Conhecido por ter começado do nada, e de colecionar de tudo um pouco (desde caixas de fósforos a postais), o empresário indignou deputados e o país ficou «chocado», segundo o primeiro-ministro, com as suas declarações, em maio de 2019, na comissão de inquérito à Caixa. Diz quem o conhece que é mesmo assim.
Nascido na Madeira, Joe Berardo emigrou para a África do Sul, mais precisamente para Joanesburgo, com apenas 19 anos, tendo apostado na área mineira. É na África de Sul que também se cruza com o já falecido empresário e banqueiro Horácio Roque. Foi seu amigo e chegou a ser seu sócio em hotéis na Madeira. Na passagem pela África do Sul acabou por ficar conhecido como Joe. Construiu a fortuna com a expansão dos negócios, onde se incluiu também o mármore. Pelo caminho iniciou a sua coleção de arte contemporânea, uma das maiores da Europa (segundo a imprensa especialistas) e em 1985 ganhou o título de comendador pela mão do então Presidente Ramalho Eanes.
Durante anos foi um investidor na bolsa portuguesa e é aqui que surge o problema. Joe Berardo comprou um lote de ações do BCP, em 2007, quando se preparava uma luta de poder pelo banco, com a queda de Jardim Gonçalves e a demissão de Paulo Teixeira Pinto. A 4 de janeiro de 2008, o Público noticiava que apoiantes de Carlos Santos Ferreira, ex-presidente da Caixa, tinham pedido empréstimos ao banco público para comprar ações do BCP. Queriam abrir caminho à entrada de Santos Ferreira (com Vara) para liderar o BCP. Santos Ferreira acabou por presidir ao BCP, mas Berardo, viu o investimento desvalorizar em catadupa. Nos últimos anos, deixou de ser um dos mais ricos do País.
por Cristina Rita