Os nove políticos e ativistas da Catalunha presos, em 2017, após uma tentativa de autodeterminação desta região, já foram libertados. A ideia de conceder o indulto partiu do primeiro-ministro e é uma tentativa de virar a página e encontrar uma solução para a questão territorial que ainda divide o país.
Segundo Sánchez, a decisão de libertar os nove independentistas é «a melhor para a Catalunha, a melhor para a Espanha e a mais consentânea com o espírito de harmonia e coexistência da Constituição». «Não podemos começar do zero», explicou o primeiro-ministro, «mas podemos tentar de novo», cita a CNN.
Entre os independentistas catalães que receberam os indultos estão políticos e ativistas que não fugiram de Espanha com receio de serem detidos, nomeadamente o ex-vice-presidente regional Oriol Junqueras, os ex-conselheiros (ministros regionais) Jordi Turull, Raul Romeva, Joaquim Forn e Josep Rull, o ex-líder do ANC (uma associação pró-independência) e atual secretário do JxCat (Juntos pela Catalunha), Jordi Sànchez, o presidente do Òmnium Cultural (outra associação pró-independência), Jordi Cuixart, a ex-presidente do parlamento regional Carme Forcadell e a ex-conselheira Dolors Bassa.
Na altura da detenção, o Supremo Tribunal espanhol condenou Oriol Junqueras a 13 anos de prisão por um crime de sedição (contestação coletiva contra a autoridade) e desvio de fundos, Raul Romeva, Jordi Turull e Dolors Bassa a 12 anos, e Carme Forcadell a 11, todos eles também por sedição e desvio de fundos. Foram ainda condenados a 10 anos e meio os ex-conselheiros Joaquim Forn e Josep Rull, enquanto Jordi Sànchez e Jordi Cuixart receberam nove anos.
Indultos parciais
Recorde-se que os indultos aplicados são parciais uma vez que, apesar de permitir a libertação da cadeia, onde se encontram há três anos e meio, continuam a impedir os líderes políticos detidos de se candidatarem a cargos públicos.
Além disso, a medida é reversível e pode ser anulada no caso de a pessoa indultada cometer novamente um crime durante um período de três a seis anos.
Sánchez acrescentou que estes indultos demonstram a «grandeza» da democracia e apelou a «àqueles que a questionam para também demonstrarem a sua [grandeza]», dirigindo-se ao movimento de independência catalão, ao qual ofereceu o «regresso à via que não deveria ter sido abandonada».
Questão que ainda divide espanhóis
Quase quatro anos depois da tentativa frustrada de independência da Catalunha, esta questão continua a condicionar a vida política e a dividir profundamente a sociedade espanhola.
O Governo minoritário de esquerda espanhol acredita que a concessão dos indultos vai facilitar o diálogo com o executivo independentista da região da Catalunha, que tem o apoio de cerca de metade da população desta comunidade autónoma, mas estes partidos continuam a defender a independência da região e o Governo central parece apenas disposto a dar-lhe mais autonomia.
O atual executivo minoritário de esquerda, uma coligação entre o Partido Socialista (PSOE) e o Unidas Podemos (extrema-esquerda), tem conseguido manter-se no poder, nomeadamente com a ajuda dos partidos independentistas catalães, assim como de formações separatistas ou nacionalistas do País Basco.
A concessão de indultos é vista, principalmente pela direita, como a moeda de troca que garante a continuação desses apoios que permitem a Sánchez manter-se no poder.
A questão ainda está longe de encerrada, tendo em conta que ainda existe um grupo de independentistas que fugiu para o estrangeiro, não tendo ainda sido julgado, onde se inclui o o ex-presidente do executivo catalão Carles Puigdemont, que está na Bélgica, e foi eleito deputado do Parlamento Europeu.