Marta Temido afirmou, esta terça-feira, que as metas para atingir a imunidade de grupo à covid-19 precisam de ser “revistas e atualizadas” devido à dinâmica de transmissão do vírus e a disseminação de novas variantes como a Delta.
Para Portugal atingir a suposta imunidade de grupo será necessário vacinar 70% da população, contudo, "as informações sobre quando será atingida a imunidade de grupo têm de ser revistas e atualizadas face àquilo que é a própria dinâmica da transmissão da infeção e a emergência de novas variantes", afirmou Marta Temido aos jornalistas na cerimónia de inauguração da Nova Ala do Serviço de Radioterapia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
O Ministério da Saúde está, sobretudo, atento à variante Delta, associada inicialmente à Índia, que teve “uma subida galopante” a nível nacional, porém a sua distribuição "é ainda muito heterogénea entre regiões", segundo indicou o mais recente relatório do INSA sobre a situação acerca das diversas variantes do SARS-coV-2 em Portugal.
Para Marta Temido, a variante Delta necessita "bastante cautelas e cuidados" e é "um motivo de preocupação”, ao acrescentar que esta variante teve “uma entrada precoce” em Portugal, e que, por isso, o país está “agora com os números diários a mostrarem aquilo que é um aumento do número de novos casos, com cerca de 1.300 por dia nos últimos sete dias", apontou.
E isso reflete-se no índice de transmissibilidade (Rt), que "apesar de estar a ceder ligeiramente”, ainda é “muito elevado”, estando acima de 1 há mais de 30 dias. De acordo com Temido, o país está numa situação “especialmente frágil” e a precisar do “comportamento de todos”.
Para tal, a vacinação poderá ajudar a reduzir os contágios e a infeção nas pessoas mais vulneráveis, porém a ministra da Saúde avisou que “mais casos” vão levar a que "a mesma fração percentual" desse número a precisar de internamento ou eventualmente de cuidados intensivos e tenham "um desfecho fatal”.
"Neste momento, o que se sabe é que a variante Delta ‘é mais agressiva’ quando existe apenas uma dose de vacina administrada. Também sabemos que não basta ter a administração das duas doses de vacina, é necessário que haja um período de tempo que passe sobre a segunda administração", esclareceu a ministra que tutela a pasta da saúde.
Mesmo que a vacinação cumpra uma probabilidade de “maior proteção”, Marta Temido disse que “não é por si só” uma garantia de que as pessoas estejam livres do contágio, devendo por isso manter todos os comportamentos de proteção pela população, que tem de compreender que o terá que fazer por "um período ainda mais longo".
Interrogada sobre a possibilidade de a vacina contra a covid-19 vir a pertencer ao programa nacional de vacinação, a governante disse que Portugal, como os países da União Europeia, acordaram a necessidade de realizar uma compra conjunta de vacinas para 2022 e para 2023, de cerca de 900 milhões de doses, levando a indicar que sejam precisas mais revacinações.
"Admite-se que pessoas que tenham uma imunidade mais frágil, os mais idosos, possam precisar mais de uma repetição da vacina do que outros, mas, uma vez mais, não podemos esquecer-nos que estamos a falar de um vírus novo, de uma doença nova, de uma vacina nova e que as respostas pelas quais ansiamos precisam de tempo para ser formuladas pela ciência", sublinhou a ministra.