A atribuição de indultos aos nove independentistas catalães está a dividir a sociedade e o Governo. Os apoiantes pró-independência consideram os indultos «insuficientes» e apelam à concessão de uma amnistia, enquanto a oposição acusa esta medida de ser um «golpe para a democracia».
Dias antes da decisão ser oficializada, o Presidente catalão, Pere Aragonès, afirmou que uma amnistia para os líderes separatistas detidos é um «primeiro passo» na causa independentista. «O indulto é uma solução parcial e incompleta. É verdade que se trata de um passo, que pode permitir a liberdade dos presos políticos atuais, não negaremos. Mas também é verdade que temos de sublinhar que ainda há muitas causas pendentes», disse Aragonès à Euronews.
«É tempo da amnistia e do direito à autodeterminação. Chegou o momento de um referendo negociado. É tempo para a solução que gere mais consenso interno, que garanta o apoio internacional e que garanta uma coesão social a que não se pode renunciar», declarou o líder regional.
O antigo presidente da região, Carles Puigdemont, organizador do referendo que levaria a Catalunha declarar a independência e que continua a viver exilado na Bélgica depois de ter fugido de Espanha para evitar ser preso, afirmou que os indultos do Sánchez «não enganam ninguém», e servem apenas para o primeiro-ministro espanhol se «exibir», cita o Guardian.
Entre os próprios detidos, a decisão também foi recebida com alguma desconfiança. Um dos líderes condenados à cadeia, Raul Romeva, garante que a região irá continuar a lutar pela autodeterminação. «Ao perdoar nove pessoas [o Governo espanhol] não vai esconder a repressão que continua a exercer a centenas de separatistas. Não vamos parar de lutar, amnistia e autodeterminação!», escreveu no Twitter.
Já o o ex-vice-presidente regional, Oriol Junqueras, em declarações a um programa da Catalunya Ràdio, disse, no domingo, que «os indultos mostram as fraquezas do Estado espanhol», cita o site Aqui Catalunha.
Junqueras explica que a pena atribuída pelo Supremo Tribunal espanhol contra os líderes independentistas catalães «não resistirá ao confronto com a Justiça europeia», por isso, argumenta que o Estado espanhol está a «tentar proteger-se por meio da reversão de algumas medidas abusivas tomadas nos últimos anos».
Os partidos da oposição já afirmaram que estão contra os indultos e vão recorrer ao tribunal para impedir esta decisão.
«Sánchez está a planear perdoar e legitimar um crime, este é um erro histórico que não resolverá nada, apenas permitirá que o seu governo não afunde», disse o líder do PP, Pablo Casado.
Na semana passada, quando começaram a surgir notícias do perdão para os líderes independentistas presos, milhares de espanhóis vindos de todo o país protestar, no centro de Madrid, a medida que consideram ser uma «traição».
A maior parte dos presentes empunhava bandeiras ou símbolos monárquicos de Espanha, assim como cartazes com palavras de ordem como «Contra os indultos aos golpistas», «Nós não perdoamos – Não aos indultos» ou «PSOE traiu-nos, são mentirosos».