“A Praxe, tal como a conhecemos, é sinónimo direto de inclusão, de entreajuda e, sobretudo, de união”, começa por explicar o Cabido de Cardeais, órgão que tutela a praxe na Universidade do Minho, no seu site oficial, num comunicado em que pretende transmitir a decisão de que qualquer estudante pode vestir o traje com o qual se identificar mais, independentemente da relação que é feita entre o mesmo e os diferentes géneros.
“Desde sempre, e especialmente nestes tempos conturbados de pandemia, viemos a provar que somos realmente diferentes. Todos diferentes, mas com um sentimento justamente igual: um sentimento de pertença a algo maior que todos nós”, avança órgão máximo da praxe minhota, adiantando que “a criação do Traje Académico teve, na sua génese, o objetivo de atenuar qualquer tipo de diferença pessoal, social e económica entre todos os que o envergam”.
Por este motivo, esclarece que “foi tomada uma importante decisão por parte do Cabido de Cardeais que visa, ainda mais, unir toda a comunidade Praxística”, isto é, “qualquer pessoa tem a liberdade de utilizar o traje com o qual mais se identifica, tendo de optar pelo uso do traje masculino ou feminino, sem a possibilidade de mistura de peças entre ambos”. Assim, o Cabido de Cardeais acredita que continua “a zelar pelo progresso e pela esperança de uma comunidade Praxística ainda mais unida, tendo sempre o respeito e o bom senso como base”.
Recorde-se que, em dezembro do ano passado, um vídeo de uma praxe dos alunos do curso de Biologia e Geologia, da instituição de Ensino Superior anteriormente referida, tornou-se viral. Em causa esteve o facto de os jovens terem a cara e o corpo pintado de preto, nessas imagens, enquanto cantavam “somos conhecidos por canibais”.
“Nunca, em momento algum, a vontade dos alunos de Biologia e Geologia foi de discriminação racial ou do uso de uma prática extremamente condenável. A Praxe É união, a Praxe É integração e a Praxe É justa, idónea e equitativa, NÃO discrimina género, crença ou etnia”, elucidou então o Cabido de Cardeais, aludindo à “blackface”, levada a cabo pelos caloiros (estudantes do primeiro ano da licenciatura que participam nas ações de praxe) que foi fortemente criticada nas redes sociais.
A Universidade do Minho opôs-se a esta ação de praxe, tendo transmitido, em comunicado, que “os tempos de distanciamento físico não podem significar que os estudantes se distanciem dos valores, princípios e missão” da instituição.