A Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou, esta segunda-feira, desnecessária uma terceira dose de reforço da vacina contra a covid-19, hipótese que alguns países já tinham admitido.
"Não há uma evidência que indique a necessidade de uma (terceira) dose de reforço", defendeu Ann Lindstrand, uma das responsáveis da OMS pela supervisão da vacinação contra o novo coronavírus, numa conferência de imprensa 'online', a partir da sede da organização em Genebra.
Para a responsável, a vacina, como qualquer outra, pode reduzir os efeitos com o passar do tempo, mas não há para já dados suficientes que indiquem que esse reforço é necessário.
Ann Lindstrand aproveitou a ocasião para apelar aos países que ponderam a administração de um terceira dose para pensarem numa perspetiva global e entregarem essas doses a países que ainda não começaram a vacinação.
A cientista chefe da OMS, Soumya Swaminathan, reforçou a ideia da falta de provas cientificas para a necessidade do reforço com uma dose extra dos fármacos contra a covid-19.
"Pode ser necessário um reforço, dentro de um ou dois anos, mas a seis meses não temos indicações", sublinhou, exortando aos países para que não se baseiem em declarações das empresas farmacêuticas, que dizem que agora é necessária uma terceira dose de reforço.
O diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Michael Ryan, também disse que uma terceira dose de reforço da vacina não será agora e criticou o facto de haver países a pensar na administração de uma terceira dose quando há outros que não receberam sequer uma.
Este responsável lembrou que a prioridade nas vacinas deve ser dada aos trabalhadores da saúde e às populações mais vulneráveis.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, também abordou a mesma problemática da má gestão de distribuição das vacinas.
"Se a solidariedade não está a funcionar só encontro uma palavra para isso, a ganância", lamentou.
"Não percebemos porque é que o mundo não está a partilhar as vacinas, porque isso era do interesse de todos", acrescentou.
Para Tedros Adhanom Ghebreyesus, os países do G20 podiam fazer mais por esta problemática e deviam assumir essa liderança.
“Quando acham que está tudo bem ignorar o resto do mundo e o vírus continua a circular, isso prolonga a agonia do mundo", alertou.