Por Judite de Sousa
Há dezoito meses que vivemos uma realidade nova, que nos surpreendeu e que veio pôr à prova a resiliência dos decisores políticos e a capacidade de resposta dos serviços de saúde. O processo de ano e meio não tem sido linear. Nem era de esperar que o fosse. Perante um vírus desconhecido, as primeiras medidas surgiram num contexto de alarme social e sanitário não se sabendo como é que as consequências da pandemia iriam condicionar as políticas públicas. De estado de emergência até ao confinamento, em diversos momentos, as autoridades de saúde tiveram que ‘navegar à vista’, contornando danos e prevenindo situações de colapso como as que ocorreram noutros países. Responder à crise sanitária implicou um prejuízo brutal para o sistema económico com um impacto social gravíssimo nomeadamente ao nível do emprego. Serão precisos uns largos anos para que os países e as pessoas possam recuperar deste ciclo pandémico que se mantém.
Apesar do processo de vacinação estar a correr a um ritmo veloz e seguro, o certo é que não é possível baixar a guarda. Nesta quarta vaga da pandemia, sob os efeitos da variante Delta, tem aumentado o número de casos embora as vítimas mortais fiquem nos piores dias aquém da dezena. Seja como for, foram necessárias novas medidas restritivas que suscitam dúvidas e incompreensão. São legítimas, mas não fazer nada seria muito pior. Mais preocupante é sabermos que, em razão da covid-19, há centenas de consultas que ficaram para trás. O Serviço Nacional de Saúde terá que dar resposta a estes casos porque há doentes que não podem esperar.