Engenheiro eletrotécnico, detido pelo fogo em Sertã, é suspeito de 16 incêndios entre 2017 e 2021

Segundo o coordenador do gabinete de investigação de incêndios da Diretoria do Centro da PJ, foram encontrados nestes incêndios o mesmo engenho utilizado pelo detido de 38 anos.

O homem de 38 anos, detido esta segunda-feira pela presumível prática de vários crimes ao ter ateado quatro incêndios em Sertã e Proença-a-Nova, é suspeito de ter sido o autor de pelo menos 16 incêndios, nomeadamente o grande fogo, em 2017, que consumiu 33 mil hectares em Mação.

A Polícia Judiciária (PJ) começou a investigar estes incêndios florestais em 2018 e tomou hoje a decisão de deter um engenheiro eletrotécnico, que recorreu a engenhos eletrónicos alegadamente produzidos pelo próprio para atear fogo, este domingo, nos concelhos de Coimbra.

Porém, a autoridade judiciária recolheu várias informações que a levaram a crer que este homem poderá ser o autor de pelo menos 16 incêndios que deflagraram várias áreas entre 2017 e este ano.

Segundo o coordenador do gabinete de investigação de incêndios da Diretoria do Centro da PJ, Fernando Ramos, foram encontrados nestes incêndios o mesmo engenho utilizado pelo detido de 38 anos.

"É provável que haja mais", realçou Fernando Ramos, em conferência de imprensa, ao apontar que muitos dos engenhos passam despercebidos ou acabam por ser destruídos nas chamas.

De apontar que em nenhum dos incêndios pelos quais o detido é suspeito de ter sido o autor houve vítimas mortais ou feridos graves.

De acordo com o coordenador do gabinete de investigação de incêndios, o engenheiro eletrotécnico usava um temporizador programado para uma determinada hora ou dia – tinha o poder de programar num período máximo de 11 dias -, com o qual o fecho do circuito era provocado uma incandescência no filamento de uma lâmpada, que permitia acender a chama da matéria combustível mais próxima do engenho.

Com este sistema, o autor podia “estar no trabalho ou no plano social e não ter nada a ver com o momento em que o incêndio começa", salientou o diretor nacional adjunto da PJ, Carlos Farinha, ao explicar que, muitas vezes, os incêndios eram programados para momentos em que decorriam eventos sociais de maior impacto, tal como aconteceu no incêndio em Sertã, tendo ocorrido ao mesmo tempo com a Festa do Maranho, em 2020.

Segundo Carlos Farinha, o suspeito tinha conhecimento sobre a evolução do incêndio, uma vez que sabia como este se comportava através das linhas de água, declives ou temperaturas.

Perante este caso, a PJ inovou a forma como investiga os casos de incêndio florestal, ao terem sido utilizados métodos intrusivos, como a localização celular ou a interceção telefónica, meios que são pouco usados nesta área, apontou Carlos Farinha.

{relacionados}