Decisões e alternativas

Quando uma pessoa se vê perante as várias possibilidades de futuro profissional, é impossível não esbarrar em obstáculos financeiros, de julgamento social ou mesmo de requisitos secundários e competências

Tomar uma decisão costuma ter muito que se lhe diga: se não houver escolha, vai-se contrariado. Se houver demasiadas alternativas, passa a haver dificuldade em escolher. O assunto torna-se um não-problema a partir do momento em que, sem ruído exterior, sabe-se bem o que se quer.

Como não poderia deixar de ser, a consciência de qualquer indivíduo em relação a si próprio, na medida das suas competências e necessidades, predetermina a sua capacidade para decidir os próximos passos. Contudo, existem momentos cruciais de transição, especialmente na vida de um jovem, que são frequentemente dificultados pela ausência de boas alternativas.

Quando uma pessoa se vê perante as várias possibilidades de futuro profissional, é impossível não esbarrar em obstáculos financeiros, de julgamento social ou mesmo de requisitos secundários e competências. Um claro exemplo disso é a psicologia: é mais difícil um jovem optar por essa licenciatura/mestrado, do que optar por engenharia informática, por razões relativamente óbvias, como o são os argumentos ‘menos emprego’, ‘menos rendimento’ ou ‘menos oportunidades’.

Sou da opinião de que essas mesmas razões tendem a ser falaciosas ou facilmente ultrapassáveis mediante determinadas condições. Vejamos: ‘menos emprego’ deixa de ser um problema quando o jovem é capaz de criar o seu próprio posto de trabalho; ‘menos rendimento’ é ultrapassado a partir do instante em que encontra e constrói segundas e terceiras fontes de receita; ‘menos oportunidades’ transforma-se na abundância das mesmas sempre que o foco no desenvolvimento da pessoa está centrado nas suas competências, e não no setor ou área de conhecimento.

É pelos motivos mencionados anteriormente que projetos como a ‘YOU – Leveling You Up’ são importantíssimos, por aumentarem a autonomia das próximas gerações, na medida de oportunidades, informação e recursos que os permitam conhecerem-se pessoal e profissionalmente, desenvolverem as suas competências e encontrar um espaço profissional de sucesso.

Fruto de uma presença diferenciada juntos dos estudantes universitários, o campo é mais nivelado a cada dia, sendo gradualmente mais acessível a um jovem escolher, com igual facilidade, a saída profissional que mais o preenche.
Ainda assim, é difícil deixar de parte a importância que as instituições de ensino e as famílias têm neste processo. É necessário que se promova a exploração e desenvolvimento de competências, em detrimento da absorção de informação irrelevante; é importante que se valorize e aproveite a diferença que cada um pode fazer; é crucial que se ensine os jovens a lidar com as suas emoções, escolhas e ciclos de desenvolvimento pessoal.

É no momento que o mundo e as pessoas à nossa volta fazem silêncio que o julgamento interior pausa a sua investida, e é possível ouvir o sussurro que nos diz aquilo que sabemos deixar qualquer um melhor do que antes. A decisão/escolha é o processo através do qual se tornam irrelevantes todas e quaisquer opções que não a única que sabemos querer, acima de qualquer outra.