Os jogos não têm idade: dos 7 ao 72

Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 foram palco de uma realidade curiosa: duas atletas de 13 anos e uma de 16 saíram medalhadas. Historicamente, no entanto, há relatos de medalhas dos 7 aos 70 (72, aliás). Os registos são dúbios, mas vale a pena estudá-los para perceber que, por vezes, a idade é só um número.

Não há maior evento desportivo no mundo comparativamente aos Jogos Olímpicos, uma tradição que nasceu na Grécia, no século VIII a.C., e foi retomada em 1896 por um grupo de iluminados em Paris, que decidiu trazer os melhores atletas do planeta para um único local e colocá-los em competição. Daí, ao longo dos anos, milhares de atletas foram medalhados, a maioria deles com idades compreendidas entre os 20 e os 40 anos.

Mas, como diz o ditado popular, a idade por vezes é mesmo só um número, e mais de 100 anos de Jogos Olímpicos na Era Moderna são a prova de que nem sempre a juventude bate a experiência da idade e, ao mesmo tempo, por vezes, a inexperiência da juventude é contrastada com uma energia e uma força que se vão desgastando ao longo dos anos.

O skate foi uma das modalidades que se estreou nos Jogos de Tóquio’2020, e, com ele, novos recordes: na secção feminina da modalidade, na categoria street (rua), as três atletas que chegaram ao pódio têm 16 anos de idade ou menos. Para ser mais exatos, a japonesa Momiji Nishiya, que venceu o ouro, tinha 13 anos e 330 dias de idade no momento da vitória, tal como a vencedora da medalha de prata, a brasileira Rayssa Leal, que contava 13 anos e 203 dias de vida no mesmo dia. Já Funa Nakayama, que conquistou o bronze, é a ‘veterana’ do pódio, com apenas 16 anos. Este foi o pódio mais jovem da história dos Jogos Olímpicos, com uma média de idades a rondar os 14,5 anos. É importante ainda salientar que o skate foi a modalidade em que participou uma das atletas mais jovens desta edição dos Jogos Olímpicos: Sky Brown, da equipa da Grã-Bretanha, de 13 anos de idade, ultrapassada apenas por Hend Zaza, a síria de 12 anos que participou no ténis de mesa.

Os resultados do skate feminino de rua foram únicos na história dos Jogos, pois Nishiya ficou bem perto do recorde de Marjorie Gestring, a norte-americana que, nos Jogos de Berlim de 1936, venceu o ouro na modalidade de salto ornamental, aos 13 anos e 268 dias de idade, menos 62 do que a japonesa. Também, já agora, Nishiya e Leal tornaram-se as medalhadas mais jovens de sempre dos seus respetivos países.

 

Dos mais novos aos mais velhos

Oficialmente, o atleta olímpico mais novo de sempre a conquistar uma medalha – e a participar nos Jogos – terá sido Dimitrios Loundras, o grego que, em 1896, na primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Atenas, terá ajudado uma equipa dos seus compatriotas a alcançar o bronze nas barras paralelas, com apenas 10 anos e 216 dias de idade.

Isto se não se tiver em conta um detalhe que ainda carece de confirmação oficial, mas que os especialistas em Jogos Olímpicos estudam há décadas. Uma fotografia dos Jogos de Paris em 1900 mostra um jovem remador francês – aparentemente chamado Marcell Depallé – que terá entrado como substituto na equipa holandesa, e que teria, estima-se, sete anos de vida no momento dos Jogos. A equipa acabou por ganhar a medalha de ouro, o que não só faria de Depallé o mais jovem atleta olímpico de sempre, mas também o mais jovem de sempre a conquistar o ouro. Ainda assim, existe muita especulação sobre a idade do rapaz, que alguns especialistas apontam que poderá chegar até aos 14 anos.

Já na outra ponta do espetro de idades está o sueco Oscar Swahn que, aos 64 anos e 280 dias de idade, conquistou o ouro nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, em 1912, na modalidade de tiro desportivo, tornando-se o campeão olímpico mais velho de sempre. Já em 1920, na altura com 72 anos de idade, Swahn venceu a prata, também no tiro, nos Jogos de Antuérpia, altura em que se tornou o atleta olímpico mais velho de sempre a participar e a vencer uma medalha na competição.

Na edição de 2020 dos Jogos Olímpicos, a atleta mais velha em competição é a australiana Mary Hanna, que, aos 66 anos, competiu no dressage, uma das categorias equestres dos Jogos. Mary é a atleta com mais idade a participar nestes Jogos e tornou-se a segunda mulher mais velha de sempre a participar na competição, ultrapassada apenas pela britânica Lorna Johnstone, também associada à equitação, que participou nas olimpíadas de 1972 com 70 anos.