Ordem dos Médicos pede “rápida revisão” da norma sobre vacinação de adolescentes

A Ordem sublinha que a decisão da DGS “contraria a tese de que ainda não há evidência suficiente e cria desigualdades entre as famílias que conseguirão ter acesso a essa mesma prescrição e as que não terão”.

A Ordem dos Médicos (OM) considerou, esta segunda-feira, que a decisão da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a vacinação de adolescentes entre os 12 e os 15 anos “cria desigualdades” e “contribui para a entropia no processo de vacinação”. Recorde-se que a DGS anunciou, na passada sexta-feira, que apenas recomenda a vacinação nessa faixa etária em casos com comorbilidades associadas, esperando mais evidências científicas para se poder pronunciar sobre a vacinação universal dos jovens.

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“A norma começa por limitar o acesso à vacina contra a Covid-19, nestas faixas etárias, a adolescentes com comorbilidades, justificando-se que para um eventual alargamento será necessária mais evidência científica. Contudo, a mesma norma, mais à frente, considera que, desde que haja indicação médica, qualquer adolescente poderá ter acesso à vacina. Ou seja, já não interessa a evidência científica”, começa por dizer a OM em comunicado.

A Ordem sublinha que a decisão da DGS “contraria a tese de que ainda não há evidência suficiente e cria desigualdades entre as famílias que conseguirão ter acesso a essa mesma prescrição e as que não terão, sobretudo numa altura em que o acesso à saúde tem estado muito condicionado e em que todos os recursos deveriam ser focados na recuperação de doentes e não em mais um procedimento burocrático”.

Segundo a nota, “neste primeiro dia da semana, já chegaram à Ordem dos Médicos relatos de aumento de contactos com os centros de saúde de pessoas interessadas em vacinar os filhos nestas idades”.

“Mesmo entre os profissionais de saúde a norma não foi recebida de forma clara, com alguns especialistas a saudarem a norma, mas a virem, mais tarde, criticar este acesso condicionado. O processo tem de ser gerido de forma universal e ágil, como é aliás essencial no combate a uma pandemia. Desta forma, apelamos a uma rápida revisão desta norma, no sentido de esclarecer a mesma e reforçar a confiança na evidência científica e na ampla experiência já existente, protegendo os mais jovens da ameaça física, psicológica e social que este vírus tem representado para a vida de todos nós”, termina.