A Juventude Musical Portuguesa (JMP) divulgou ontem, dia 3 de agosto, o falecimento da pianista e pedagoga Elisa Lamas, que morreu na terça-feira, aos 95 anos, em Lisboa.
A artista que “marcou fortemente” várias gerações de músicos e compositores portugueses, é definida pela JML como “uma das professoras mais carismáticas do meio musical português”: “Figura incontornável no aperfeiçoamento dos professores de Formação Musical através dos cursos que ministrou”, Elisa Lamas “marcou fortemente” várias gerações de músicos e compositores portugueses “através do seu ensino sério, exigente e eficaz”, recordou o grupo.
Nascida em Paço de Arcos, no concelho de Oeiras, Lisboa, em 1926, Elisa Paulina Ferreira Lamas cresceu rodeada de música, já que os seus pais eram profissionais na área. Diplomou-se em Piano e Composição no Conservatório Nacional de Lisboa e especializou-se no Mozarteum de Salzburg, na Áustria, como bolseira do Instituto para a Alta Cultura.
Foi professora do Conservatório desde 1952, até à aposentação. Elisa Lamas lecionou Piano, Formação Musical e Harmonia. Foi também professora no Centro de Estudos Gregorianos. E, além de reger vários cursos de aperfeiçoamento para professores de Formação Musical, em diferentes escolas de música, foi coautora de programas desta disciplina, destinados às escolas profissionais da especialidade.
A artista fez parte de várias comissões diretivas do Conservatório Nacional, a partir de 1974, e, em 1977, da Comissão de Reestruturação deste estabelecimento de ensino. Passou ainda na Comissão Instaladora e no Conselho Científico da Escola Superior de Música de Lisboa, criada em 1983 e pertenceu igualmente às direções artísticas dos Cursos Internacionais do Festival de Música do Estoril, da Sociedade de Concertos Pró-Arte e da Orquestra Filarmónica de Lisboa.
A sua carreira como pianista foi marcada sobretudo por recitais em todo o país, tendo atuado também como solista, com a orquestra do Teatro Nacional de São Carlos, no Teatro Tivoli, em Lisboa, e na Radiotelevisão Portuguesa.
Elisa Lamas é também autora da “Sebenta de Harmonia com vista à realização do baixo-cifrado”, que reúne apontamentos e sistematiza encadeamentos de acordes, que serviram durante largos anos de apoio ao curso de Harmonia do Conservatório Nacional de Lisboa.
Numa reação à morte da artista, o seu colega pianista Artur Pizarro, recorda-a como "a Nádia Boulanger portuguesa", num paralelo com a pedagoga, musicóloga e compositora francesa que teve, entre os seus discípulos, os principais músicos e compositores do século XX. "A Senhora Dona Elisa foi uma professora e amiga pela qual terei sempre o maior respeito, a maior estima, o maior carinho e amor por tudo o que me ensinou, que me enriqueceu enormemente.", escreveu Artur Pizarro, no Facebook, na página da Música Clássica em Portugal.
Por seu lado, a escritora Margarida Fonseca Santos, afirma não ser fácil descrever "o que esta Grande Senhora fez pelo mundo da música, da formação musical e da harmonia", em Portugal. "Mas é fácil dizer isto: tive o privilégio de aprender com ela o que sou hoje enquanto professora e colega, foi com Elisa Lamas que aprendi a olhar para cada aluno e dar tudo por que avance, compreenda e goste de aprender", acrescenta a criadora de "O Reino de Petzet", na cronologia da sua página de Facebook.
O funeral da pianista realiza-se na quinta-feira às 15:00, da Igreja de São João de Deus, em Lisboa, para o cemitério dos Prazeres, depois da missa, marcada para as 14:00. O corpo de Elisa Lamas estará na igreja da Praça de Londres a partir das 10:00.