Estão oficialmente concluídos os Jogos Olímpicos de Tóquio’2020, e Portugal sai de peito erguido desta edição, após ter alcançado a melhor participação de sempre. Quatro medalhas voltaram para território nacional – uma de ouro, uma de prata e duas de bronze – numa edição definitivamente atípica, sem público nas bancadas, com muitas lágrimas e suor à mistura.
A cerimónia de encerramento oficial, que fez a ponte entre o apagar da chama olímpica em Tóquio e o início da preparação em Paris dos Jogos de 2024, voltou a ser um espetáculo tecnológico de luz e som que manteve a solenidade e a importância de um evento tão global como o são os Jogos Olímpicos, mesmo sem público nas bancadas e a meio de uma das maiores crises pandémicas da era Moderna.
A carregar a bandeira nacional esteve Pedro Pablo Pichardo, o atleta luso-cubano que trouxe para Portugal o único ouro olímpico nacional nesta edição dos Jogos, após saltar 17,98 metros no triplo salto.
EUA com ‘vitória’
Os medalheiros são sempre alvo de discussão e debate, principalmente sobre se o ‘vencedor’ será o país com mais medalhas no total, ou aquele que arrecadou mais medalhas de ouro. Nos Jogos de Tóquio, no entanto, a subjetividade voou pela janela, pois os Estados Unidos da América surgem em primeiro lugar, tanto no número total de medalhas (113), como no número de primeiros lugares alcançados (39).
A diferença no ouro frente à China, segunda colocada no medalheiro, foi, no entanto, de apenas uma medalha, graças às vitórias no ciclismo, basquetebol feminino e voleibol feminino, no último dia da competição. Feitas as contas, os norte-americanos arrecadaram 113 medalhas no total, das quais 39 de ouro, 41 de prata e 33 de bronze, o que, apesar de os colocar no topo do medalheiro, significou um decréscimo em relação aos resultados nos Jogos do Rio, em 2016, quando conquistaram 46 ouros e 121 medalhas no total. Já Portugal ficou colocado no 56.º lugar do medalheiro geral.
As medalhas dos Jogos Olímpicos de Tóquio’2020 têm, ainda, uma particularidade: foi a primeira vez desde 1912 que dois atletas foram agraciados com o ouro, no caso do salto em altura, entre o italiano Gianmarco Tamberi e o qatari Essa Barshim.
Feitos lusitanos
Pichardo foi o único atleta português a conquistar o ouro, com a marca de 17,98 metros no triplo salto. Na mesma modalidade, Patrícia Mamona conquistou a prata, com um salto de 15,01 metros, prejudicada pela dominância total da atleta venezuelana Yulimar Rojas, que atingiu os 15,67 metros.
Já a boa disposição de Jorge Fonseca foi o cartão de visita do bronze no judo, e Fernando Pimenta, o canoísta de Ponte de Lima, não faltou à festa, conquistando também o bronze e trazendo-o de volta para o Norte do país.
Se os 18,5 milhões de euros investidos auguravam duas medalhas olímpicas portuguesas, a realidade é que o número foi dobrado pelos atletas portugueses, e poderia ter sido maior. Afinal de contas, a luso-camaronesa Auriol Dongmo ficou às portas do pódio, com um lançamento que pecou por apenas 5 centímetros, e a deixou no quarto lugar. Também, numa situação semelhante, ficou João Vieira, o português que findou os 50 quilómetros marcha no quinto lugar. Ainda assim, esta foi uma marca louvável para o atleta de 45 anos, que se manteve sempre no grupo principal da prova, e garantiu este diploma.
Entretanto, na modalidade equestre, Portugal saltou um batimento cardíaco, quando a cavaleira Luciana Diniz, que estava prestes a conquistar uma prova perfeita na final dos saltos de obstáculos, acabou por fazer um erro no penúltimo obstáculo, o que a retirou da luta pelas medalhas.
Isto tudo sem esquecer a louvável participação de Yolanda Sequeira na estreia do surf como desporto olímpico, em que a atleta portuguesa se ficou pelos quartos-de-final, e de Gustavo Ribeiro no skate, também um desporto estreante, que garantiu um oitavo lugar.
Caminho a Paris
Há quem diga que os finais são só os inícios de algo novo, e que exemplo mais ilustrativo do que a cerimónia de encerramento dos Jogos Olímpicos? Ao mesmo tempo que Tóquio se despedia do evento – que, note-se, decorreu em relativa tranquilidade, face à grande preocupação que existia sobre possíveis surtos de covid-19 – Paris dava início à sua preparação dos Jogos de 2024, com um braço do evento a decorrer na Torre Eiffel, na capital francesa, onde foi içada uma enorme bandeira olímpica, com um total de 5400 metros quadrados, no topo do monumento.
Presente em Tóquio esteve Anne Hidalgo, presidente da Câmara de Paris, que recebeu a bandeira olímpica, e que a transportará até à capital francesa, onde se realizaram os Jogos de 1900 e de 1924.