Graça Freitas anunciou, esta terça-feira, que a DGS reavaliou os dados sobre a vacinação contra a covid-19 de crianças com idades entre os 12 e os 15 anos e que, embora a prioridade seja inocular os jovens desta faixa etária com comorbilidades, a recomendação é de que todos sejam vacinados.
A diretora-geral da Saúde esclareceu, na conferência de imprensa, que a vacinação universal de todos os jovens a partir dos 12 anos se baseia na análise de novos dados e que se trata de uma “decisão técnica”. "Nos mais de 15 milhões de adolescentes vacinados nos EUA e na União Europeia os episódios de reações adversas a nível cardíacos são extremamente raros", afirmou.
Graça Freitas garantiu também que as autoridades de saúde vão continuar a "acompanhar a evolução do conhecimento cientifico da situação epidemiológica e da vacinação contra a covid-19, podendo atualizar as suas recomendações a qualquer momento".
Questionada sobre uma data para o início da vacinação universal das crianças entre os 12 e os 15 anos, a responsável remeteu a organização logística para a task-force, coordenada pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
“Todos os processos de vacinação começam com uma recomendação técnica. Depois desta recomendação, a parte logística faz o seu trabalho”, explicou. E sublinhou: "A partir deste momento está aberto o caminho para a vacinação universal destes jovens e será depois a parte da logística que comunicará em que moldes vai acontecer a vacinação. Não se tenha a expectativa que é hoje que começa. Hoje foi tomada a decisão técnica".
Por outro lado, perante a insistência de se o processo teria início antes da escola çomeçar, a diretora-geral admitiu esperar que sim. “Mas, se não for exatamente antes do início do ano letivo, será nos dias a seguir. A questão do ponto de vista do impacto desta vacinação na epidemia, se for mais uma semana ou menos uma semana, não terá um impacto negativo importante. Vamos deixar as questões logísticas a fazerem o seu trabalho”, acrescentou.
Acerca da tese de que esta decisão teria sido tomada face à pressão política, Graça Freitas afastou a hipótese, explicando que “foi a sequência e a continuidade” de novos dados que levou a que no dia 30 fosse conhecida uma posição das autoridades de saúde, que viria agora a ser corrigida.
Já Luís Graça, membro da comissão técnica de vacinação, que também esteve presente na conferência de imprensa, esclareceu que o nível de anticorpos não é fator único para avaliar a eficácia de uma vacina, depois de ser confrontado sobre o impacto dos testes serológicos na nova recomendação.
"Os ensaios clínicos que foram a base da autorização da utilização das vacinas não se basearam em serologia, mas na eficácia das vacinas na prevenção de infeções e doença causada pela infeção", explicou.
Sobre uma eventual terceira dose, o especialista frisou que a decisão “terá de ser tomada com base em dados da proteção que as vacinas continuam a manter contra a doença causada pela infeção e não por dados serológicos".