Por Aristóteles Drummond
O governo central resolveu colocar à venda mais de mil imóveis no Rio de Janeiro, que não estão sendo usados. Todos dos tempos de capital do Império e da República.
Entre os mais conhecidos, referência da cidade, está o Palácio da Cultura, que foi a sede do Ministério da Educação e Cultura, criado nos anos 1930, no governo Getúlio Vargas. O edifício é a primeira grande referência da arte moderna na arquitetura. A orientação do projeto foi de Le Corbusier, o grande nome da época, e teve a participação de Lúcio Costa, que veio a ser o projetista de Brasília, e de Oscar Niemeyer, ainda estagiário. O ministro Gustavo Capanema foi o responsável pela obra e o edifício, hoje, leva o seu nome. Na inauguração, em 1943, o chefe do gabinete do ministro era o poeta e jornalista Carlos Drummond de Andrade.
O belo prédio, no coração do centro do Rio, que tem ainda azulejos pintados por Cândido Portinari, está com obras de restauro em fase final. Mas passou anos sob risco de incêndio, pela precariedade na manutenção.
Claro que as esquerdas estão protestando contra a venda de ‘um património nacional’, embora, nos 14 anos de governos de esquerda, o prédio tenha chegado a um estado de total abandono. O Museu Nacional, atingido por um grande incêndio, sofria do mesmo mal em relação à manutenção. A salvação destes imóveis é a ocupação pelo setor privado, que não poderia alterar nada de sua parte externa, inclusive jardins de Burle Marx, por ser preservado pelo Patrimônio Nacional. A única solução ligada ao setor público seria a venda para do Banco do Brasil, para ser sua sede na cidade.
Todos os assuntos no Brasil, hoje, são levados pelo lado político. Como foi iniciativa do governo Bolsonaro, as esquerdas combatem a venda.
Enquanto isso, surgiu, com base em artigo do jornalista Merval Pereira, membro da Academia Brasileira de Letras, o debate sobre um trabalho minucioso publicado em que é sugerido que o Rio seja uma capital alternativa à Brasília, sediando alguns setores da administração central. O que já ocorre na Alemanha (Bonn e Berlim), Rússia (Moscou e St. Petersburgo) e na Holanda (Amsterdam e Haia) poderia ter uma versão brasileira.
Existe um forte movimento para reerguer o Rio, onde a segurança pública e o fato de três milhões de pessoas morarem em favelas são os grandes problemas.
VARIEDADES
• O Presidente Bolsonaro anunciou levar ao Senado pedido de processo contra dois ministros do Supremo Tribunal. O Senado vai ignorar e não vai dar andamento ao pedido.
• Inacreditável o nível do debate político no Brasil. O governador de São Paulo, João Doria, em entrevista ao jornal Correio Braziliense, chamou o presidente Bolsonaro de psicopata. Já os senadores da CPI do Senado preparam indiciamento do presidente por ‘curandeirismo’, documentados com as gravações em que Bolsonaro recomendava remédios sem reconhecimento científico de combate à pandemia e para tratamento precoce.
• As maiores indústrias do país começam a se preocupar com a crise hídrica. Não pelo lado da eletricidade, mas da água mesmo.
• Impostos altos e risco jurídico, mais judiciário trabalhista influenciado por sindicatos, afastam multinacionais. Depois da Ford e da Sony, na semana passada, foi a Panasonic que anunciou parar de produzir televisores no país. E a influente indústria farmacêutica está assustada com a aprovação da quebra de patentes para vacinas. A medida não tem sentido, pois o mercado vem sendo atendido e o Brasil não teve as necessárias por ter demorado a comprar.
• Nessa linha dos legislativos aprovarem projetos demagógicos e que intimidam investidores, os vereadores do Rio aprovaram lei que obriga os restaurantes a terem um menu infantil. No mínimo ridículo.
• Trinta bilhões de dólares, isso mesmo, é o montante dos recursos sob gestão nas carteiras Premium dos bancos. E com as vendas de empresas, propriedades rurais, em todo o país, os mercados do Rio e São Paulo, que representavam 80%, caíram para pouco mais da metade. Quase um terço estimado tem origem nos hospitais do Norte e Nordeste vendidos para as redes sediadas no Rio, São Paulo e Minas.
Rio de Janeiro, agosto de 2021