Por João Maurício Brás
Ao Mário Freitas, ao Jerónimo Fernandes, ao João Cerqueira e ao Gustavo Carona, exemplares, cada um a seu modo, na luta pelo conhecimento e pela saúde.
1. Há períodos da História e da nossa vida em que não há ‘mas’, ou ‘se’ ou ‘talvez’. Face a duas posições opostas, ou se está de um lado ou do outro, sabendo que há sempre muito a melhorar. A vacinação é fundamental e excede a questão sanitária. É uma obrigação moral.
2. Uma coisa é a pandemia, o desafio mais grave colocado à Humanidade após a segunda guerra mundial. Outra, o pandemónio gerado no nosso modo de vida em que tudo tem de ter resolução imediata e onde ideias insubsistentes sobre liberdade, bem comum, diferença entre conhecimento e opinião, líderes políticos só preocupados com sondagens e os seus grupos, e a voragem mediática são geradores de insegurança e incerteza. Outra ainda, as pantomimas de políticos fracos, dos médias oportunistas e de “seitas” delirantes.
3. As vacinas têm salvo milhões de seres humanos.
4. Os cientistas e a ciência validada não são uma religião, não têm dogmas nem são infalíveis mas são o melhor que dispomos para muitos problemas, por exemplo de saúde. A ciência e os cientistas são reconhecidos entre pares e o seu conhecimento estabelecido é do mais rigoroso e sério que há.
5. Quem está vacinado tem menos hipóteses contrair o vírus, e se o contrair os efeitos são muito menos graves e a probabilidade de o transmitir é muito menor.
6. Foram vacinadas centenas de milhões de pessoas e dezenas de milhões de crianças em todo o mundo. A vacina é segura, eficaz e representa mais uma conquista admirável, num mundo que tem muito de sombrio. O risco das vacinas é praticamente nulo comparado com os benefícios para cada um mas também para o outro.
7. Vacinar todos, mesmo as crianças, é uma ação que impede que o vírus continue a circular, que surjam novas mutações que não sabemos que características mais graves poderão ter. Se formos todos vacinados protegemos os idosos, os doentes e lutamos contra a devastação provocada pelo inevitável fecho da economia, evitando o desemprego e desespero das pessoas.
8. As responsabilidades cívica e comunitária, a importância dos laços sociais e de uma conduta moral torna as sociedades decentes e evidencia a dignidade da pessoa. A liberdade individual como ideia de que devo fazer o que quiser é apenas egoísmo infantil e interesse particular destrutivo. A responsabilidade tem de ser global. Temos de vacinar também a população do continente Africano, de muitos países da Ásia e da América do Sul.
9. A comunicação transparente sobre o vírus, as medidas, o que se sabe, a explicação de cada dúvida é fundamental, mas falhou em muitas situações. As sociedades mediáticas têm esse problema. A boa comunicação, sólida e franca, é fundamental para gerar confiança e promover o conhecimento e impedir a desinformação criminosa e ignorante. Radicalismos de esquerda e de direita como os seus maniqueísmos são inimigos da lucidez e de sociedades decentes.
10. Quem nega as vacinas para crianças, mesmo que disfarçado de dúvidas, negou a perigosidade do vírus, as medidas de prevenção, a própria vacina, os certificados, etc. São os mesmos que negam o aquecimento global, por exemplo, e representam a asa negra do obscurantismo e do radicalismo que a democracia verdadeiramente liberal tem que travar, retirando-lhes a máscara antidemocrática.