A célebre cantora e bailarina norte-americana, Josephine Baker passará no dia 30 de novembro para o Panteão de Paris, tornando-se na primeira mulher negra nesse templo de grandes personalidades veneradas pela república francesa.
O jornal francês Le Parisien revelou este ontem que o presidente francês, Emmanuel Macron, decidiu distinguir a artista (1906-1975) ao responder afirmativamente em julho ao pedido de autorização que lhe foi apresentado.
Segundo o Palácio do Eliseu, em declarações ao mesmo jornal, o que determinou a entrada de Josephine Baker no Panteão foi o seu “compromisso” e o fato de ter decidido lutar pela França envolvendo-se na resistência à ocupação nazi durante a Segunda Guerra Mundial (onde atuou como espiã). Da mesma forma, contribuiu também a sua participação na grande marcha de Washington, em 1963, em prol dos direitos civis dos negros juntamente com Martin Luther King, onde se apresentou de uniforme militar e com as suas medalhas de guerra.
“Cada momento da sua vida é uma epopeia francesa. Era uma lutadora”, sublinhou a presidência francesa. Trata-se, por isso, de uma situação onde se reconhece o compromisso de uma mulher que foi “um ícone e uma militante a favor da liberdade e da igualdade, que se distinguiu pelo seu ativismo”.
Na petição para reconhecer o excecional da biografia de Josephine Baker recordava isso mesmo: o facto de ter sido a primeira estrela internacional negra no mundo do espetáculo; musa de artistas cubistas e resistente com o exército francês, que lutou não só nos Estados Unidos pelos direitos civis dos negros juntamente com Luther King, mas também pela França.
Ao longo da sua vida, Baker adotou 12 órfãos de várias etnias, aos quais chamava "tribo arco-íris." Eram eles: Janot, coreano; Akio, japonês; Luís, colombiano; Jari, finlandês; Jean-Claude, canadense; Moïse, judeu francês; Brahim, argelino; Marianne, francesa; Koffi, costa-marfinense; Mara, venezuelana; Noël, francês; e Stellina, marroquina.
A 21 de julho, Macron recebeu uma delegação dos defensores da entrada no Panteão de Josephine Baker, entre eles o escritor Pascal Bruckner, a cantora Laurent Voulzy, a empresária Jennifere Guesdon e Brian Bouillon-Baker, um dos filhos adotivos da artista.
Das 80 personalidades presentes atualmente no Panteão, apenas cinco são mulheres. A última a entrar, em 2018, foi Simone Veil, sobrevivente dos campos de concentração nazi e que como ministra foi quem impulsionou, em 1975, a legalização do aborto em França.