Cocktail meteorológico abranda, mas risco de incêndio mantém-se elevado

Depois de dias quentes, o IPMA prevê que as temperaturas desçam até ao fim de semana. Porém, os cuidados para prevenir os fogos devem continuar a ser tomados.

Depois de a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) ter alertado para um aumento muito significativo do risco de incêndio rural devido a um “cocktail meteorológico” – tempo quente, seco com vento e ocorrência de trovoada –, a meteorologista Cristina Simões, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, explica ao i que o panorama poderá modificar-se.

“Na segunda e na terça-feira, houve instabilidade, alguma trovoada no Interior Centro e também no Sul e ainda aguaceiros. O vento não esteve muito forte em relação aos dias anteriores, enfraqueceu bastante. Na quarta e na quinta-feira, haverá também vento, mas nas regiões Interior, Norte e Centro durante a tarde. O tempo já não está tão quente quanto esteve e a temperatura vai continuar a descer até ao fim de semana, situando-se nos 30 graus de média em todo o território e podendo ser mais baixa em algumas regiões”, avança a especialista.

Ontem o IPMA colocou Braga com aviso laranja de temperatura até às 20h e os distritos de Viana do Castelo, Porto, Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Coimbra, Leiria, Santarém, Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja sob aviso amarelo por causa do tempo quente.

O aviso laranja é emitido pelo IPMA quando existe uma situação meteorológica de risco moderado a elevado e o aviso amarelo sempre que há risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

A título de exemplo, há dois dias, o adjunto nacional de operações da ANEPC, Pedro Nunes, realçou a “tolerância zero” para o uso de fogo e apelou à população para ter “especial atenção ao uso de máquinas no espaço rural ou florestal”, pedindo que as pessoas não recorressem a estes equipamentos nos dias seguintes.

Risco de incêndio mantém-se elevado Por outro lado, declarou que se prevê que “a partir de quinta ou sexta-feira o perigo meteorológico decresça de forma considerável”, indo ao encontro de Cristina Simões, que adiantou que “não se prevê mais nenhum aviso meteorológico”, mas “o calor e a ausência de precipitação contribuem para que o risco de incêndio se mantenha elevado porque a humidade relativa é baixa”.

Mais de 90 concelhos dos distritos com aviso laranja apresentaram esta terça-feira um risco máximo de incêndio, segundo o IPMA. Em comunicado, o Ministério da Administração Interna referiu que a Declaração da Situação de Alerta, durante as 24 horas de ontem, abrangeu os distritos de Aveiro, Beja, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Faro, Guarda, Santarém, Vila Real e Viseu.

A situação de alerta prevê a proibição do acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais previamente definidos nos Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios, tal como nos caminhos florestais, caminhos rurais e outras vias que os atravessem, como a proibição da realização de queimadas e queimas de sobrantes de exploração.

Contempla também a proibição de realização de trabalhos nos espaços florestais com recurso a qualquer tipo de maquinaria, com exceção dos associados a situações de combate a incêndios rurais e a proibição de realização de trabalhos nos restantes espaços rurais com recurso a motorroçadoras de lâminas ou discos metálicos, corta-matos, destroçadores e máquinas com lâminas ou pá frontal.

Está também proibida totalmente a utilização de fogo-de-artifício ou outros artefactos pirotécnicos, independentemente da sua forma de combustão e ocorre a suspensão das autorizações que tenham sido emitidas.