por Aristóteles Drummond
Estava demorando, mas a crise de confiança na economia brasileira chegou com o o desgastante quadro político. A consultoria internacional Eurasia, que faz avaliações da economia considerando o lado político, já rebaixou o Brasil como destino seguro de investimentos. O mesmo ocorre com a maioria dos analistas do mercado financeiro.
O fundo XP, que tem o Banco Itaú como sócio, encomendou pesquisa que mostra uma rejeição de mais de 50% ao presidente Bolsonaro. Apesar de desacreditado pelo seu comportamento, o atual governo é de tendência liberal, apoia nos seus limites o setor privado e, principalmente, o protege do sindicalismo selvagem e dos movimentos rurais que tanto prejudicaram o agronegócio no Brasil. A ameaça da volta de Lula da Silva inquieta os mercados. O líder esquerdista já disse que, se eleito, pode rever a venda de ativos da Petrobras, o que causa imensa desconfiança e receio.
A Bolsa, nos últimos dois meses, caiu mais de 10%, e o real vem perdendo a valorização dos últimos meses. O preocupante é que a alta dos produtos de exportação, como a soja, permitindo grandes saldos na balança comercial – normalmente, pela abundante oferta de divisas, valorizaria a moeda brasileira.
As reformas não andam e o governo provoca polémica ao apresentar projeto para parcelar seus débitos por condenações na Justiça, superiores a dez milhões de euros, em dez anos. Tudo para abrir espaço às políticas sociais com que o presidente vem conseguindo segurar o que lhe resta de popularidade. Já tem quem aposte na inflação a 8% no final do ano.
Na pauta positiva, o edital para o 5G pode ser liberado para outubro. Mas com detalhes que não agradaram as operadoras que atuam no Brasil. É provável, mas não é certo. E a vacinação pode evoluir positivamente em setembro.
No capítulo da pandemia, a submissão do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ao Presidente o levou a declarar que é contra a obrigatoriedade do uso de máscaras. Constrangimento em todos os círculos ligados à saúde.
Variedades
• O ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso declarou que Lula é melhor do que Bolsonaro. Antes, disse que nunca se roubou tanto no Brasil como nos governos do PT. Mas a solidariedade esquerdista fala mais alto.
• O governador de São Paulo, João Doria, levou para sua equipe o deputado Rodrigo Maia, que foi presidente da Câmara. O deputado é eleito pelo Rio e a função é de levar investimentos para São Paulo, que compete com o Rio. Pelo que se conclui que deixará a política do Rio, onde seu pai foi presidente da Câmara. O deputado não conseguiu fazer seu sucessor.
• O feriado do 7 de setembro vai ter manifestações de apoio ao presidente nas principais capitais do país. Seria solidariedade à sua luta contra dois ministros da Suprema Corte. Muita especulação sobre as reais intenções do movimento, que deve contar com a presença do próprio presidente.
• A empresa JBS, a maior de proteína animal do Brasil e uma das três maiores do mundo, investe na pesca e adquire um terço da maior empresa australiana, com forte presença no mercado do salmão. Mas foi surpreendida pela resistência de outros acionistas.
• Situação hídrica vai se agravando. A navegação já foi suspensa na hidrovia Tietê-Paraná, importante para levar grãos para o Porto de Santos e combustível ao interior de São Paulo e ao Mato Grosso do Sul.
• O empresário Nelson Tanure adquiriu uma posição relevante em grupo de medicina diagnóstica presente em quase todo o Brasil. E fala-se que vai entrar na disputa do 5G, prevista para outubro. Tanure já controla a Copel Telecom.
• A AG Andrade Gutierrez, que foi das maiores empresas de engenharia do Brasil, com presença internacional, está deixando de honrar juros e resgate de papéis de sua. emissão em dólares. E está encontrando dificuldades para vender ativos.
• Pioraram as relações do Presidente Bolsonaro com o seu vice General Mourão.
• A Espanha abriu para brasileiros: A IBÉRIA retornando seus voos para São Paulo e Rio.
Rio de Janeiro, agosto de 2021