A Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) defende que os idosos devem receber a terceira dose da vacina contra a covid-19 em outubro e novembro, coincidindo com a altura da administração da vacina da gripe.
"O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está preparado para vacinar os mais vulneráveis para a gripe todos os anos. Se temos essa possibilidade, é adicionar na mesma altura a vacinação da covid-19. Aproveitando esta oportunidade, protegemos de duas doenças e isso é algo que é fundamental que a Direção-Geral da Saúde e o SNS organizem para que, no inverno, não haja este problema", disse o presidente da ANMSP, Gustavo Tato Borges à agência Lusa.
Embora cerca de 97% dos maiores de 65 anos têm a vacinação completa contra covid-19, segundo o último relatório da DGS, os idosos fazem parte dos grupos etários que estão numa fase de crescimento da incidência de novos casos por covid-19.
De acordo com o último relatório das “linhas vermelhas”, foi apontada “uma provável tendência crescente" dos contágios no grupo acima dos 65 anos, visto que a faixa etária dos idosos com 80 ou mais anos "apresentou uma incidência cumulativa a 14 dias de 149 casos por 100 mil habitantes".
"Este valor de 149 não é propriamente uma incidência elevada que faça soar todos os alarmes, mas é algo a que devemos prestar atenção e deve ser avaliado pela tutela de modo a perceber o que é que falhou aqui", realçou Gustavo Tato Borges.
Para o presidente da ANMSP, a subida das infeções nos idosos deve-se à variante Delta, que está a predominar o país e é considerada mais transmissível do que a Alpha.
Interrogado sobre se esta incidência leva a considerar uma urgente administração de uma terceira dose, Gustavo Tato Borges disse que “fundamental, neste momento, é garantir que há 85% de pessoas completamente vacinadas” em Portugal.
"Precisamos de manter este foco e este ritmo de vacinação naqueles que ainda não foram vacinados. Mas há que também perceber que os mais vulneráveis vão precisar muito provavelmente de uma terceira dose antes da época de inverno", assinalou.
Gustavo Tato Borges acredita que o número de infeções nos mais velhos protegidos contra o vírus poderá estar relacionado "com um pequeno relaxamento nas medidas de proteção e contenção" em contexto familiar, através de contactos com pessoas não imunizadas, uma vez que os idosos poderão não ter conseguido imunidade suficiente para combater a doença.