Apesar de ainda enfrentar duras batalhas, como o alto índice de pobreza, desigualdade social, ou a fome, El Salvador tornou-se, esta terça-feira, o primeiro país do mundo a adotar a bitcoin como moeda oficial.
Esta é uma experiência no mundo real que irá permitir uma redução de mil milhões de dólares nos custos das comissões do dinheiro enviado para o estrageiro, mas que, segundo críticos citados pela Reuters, irá facilitar a lavagem de dinheiro.
Com esta mudança, negócios de El Salvador poderão passar a aceitar pagamentos em bitcoin, para além dos já aceite dólares americanos, que era a moeda oficial do país desde 2001 e que continuará a ser a moeda utilizada para pagar os salários e pensões dos habitantes.
A mudança foi promovida pelo Presidente Nayib Bukele, que há vários anos defendia que o país devia utilizar criptomoedas, afirmando que as pessoas naturais deste país poderão agora poupar cerca de 400 milhões de dólares (cerca de 337 milhões de euros) em impostos e nas comissões para enviar dinheiro para as famílias no estrangeiro.
“A criptomoeda é um método opcional que ajuda a abrir oportunidades de negócios para todos os tipos de empresas, reduzir custos e atrair turistas de qualquer lugar do mundo”, pode ler-se no comunicado presidencial.
Estas transações são particularmente importantes para a economia do país, uma vez que representa um quinto do PIB nacional de El Salvador.
Para tentar ganhar a confiança dos céticos, o Presidente prometeu oferecer 30 dólares em bitcoins a cada cidadão que se inscrever na carteira digital oficial do Governo.
No entanto, críticos afirmam que o uso da bitcoin pode aumentar os riscos financeiros e regulatórios de El Salvador e alertam para a volatilidade do valor da moeda. Já o Banco Mundial reprovou a bitcoin e recusou ajudar El Salvador no plano de implementação.
Também a população está descontente com a medida e, na terça-feira, houve vários protestos organizados no país condenando a medida.
“Não conhecemos a moeda. Não sabemos de onde ela vem. Não sabemos se nos vai trazer lucro ou prejuízo. Não sabemos nada”, disse a vendedora de 42 anos, Claudia Molina, à Reuters. “Não nos deram formação. Não nos disseram o que vamos usar ou como fazer a mudança”, acrescentou.