Está em curso uma campanha contra as estufas de frutos vermelhos e abacates localizadas no Algarve e no Alentejo. O rosto desta luta é Friederike Heuer, uma alemã apaixonada pelo Alentejo e, de acordo com o manifesto que divulgou, estas produções consomem a pouca água existente, degradam os solos e exploram os “escravos modernos da Ásia, de África e da Europa de leste”.
O documento circula nas redes sociais alemãs e está a ser distribuído, em papel, pelo Centro do Livro de Língua Portuguesa de Frankfurt.
Segundo os dados de exportações disponíveis no Instituto Nacional de Estatística, que o i analisou, em 2020 a Alemanha importou 69,3 milhões de euros de fruta portuguesa. As framboesas produzidas em Portugal, cultivadas maioritariamente em estufas, surgem à cabeça, representando a maioria das exportações para o país. Foram mais de 6 mil toneladas de framboesas que seguiram de Portugal para Alemanha, no valor de 47 milhões de euros. Seguem-se as peras, que representaram 10 milhões de euros de exportações para o país no ano passado, num total de 10 792 toneladas. A Alemanha importou ainda mais de 1,1 milhões de euros em mirtilo, um valor já não muito distante da importação mais tradicional de laranja portuguesa e de amêndoa. A exportação de abacate para Alemanha ou mesmo no universo da fruta cultivada em Portugal ainda está longe de ser maioritária, mas tem aumentado. Em 2020 a Alemanha importou 85 mil euros de abacate português, 32 toneladas.