A administração da mutualista Montepio divulgou esta quarta-feira as contas consolidadas relativas ao ano de 2020 que revelam 86 milhões de euros de prejuízo. “Em 2020, o resultado líquido consolidado do MGAM [Montepio Geral Associação Mutualista] foi negativo, em -86 milhões de euros, valor muito superior aos -18 milhões de euros registados em base individual”, lê-se no Relatório e Contas Consolidadas de 2020, disponibilizado no site da mutualista e que vai ser votado em Assembleia Geral Extraordinária no próximo dia 30. O Nascer do SOL já tinha avançado que as contas teriam de ser apresentadas até ontem e apontava para perdas na ordem dos 100 milhões de euros.
No relatório, o presidente da mutualista, Virgílio Lima, explica que este resultado se deve “sobretudo, aos efeitos extraordinários do contexto pandémico nos resultados consolidados do Banco Montepio, que atingiram -81 milhões de euros, designadamente, por via dos montantes extraordinários de imparidades de crédito constituídas, entre outros efeitos adversos”.
No entanto, tendo em conta o resultado líquido do exercício atribuível ao MGAM, o prejuízo sobe para os 89 milhões de euros no ano passado, valor que compara com seis milhões de euros de lucro no ano anterior.
Contas levantam ‘reservas’ Entretanto, a PwC já reagiu às contas consolidadas, garantindo que tem “reservas”. “Na nossa opinião, os ativos por impostos diferidos, os capitais próprios e o resultado líquido consolidado do exercício atribuível ao Grupo, constantes do balanço consolidado e da demonstração dos resultados consolidados do grupo em 31 de dezembro de 2020 e em 31 de dezembro de 2019, encontram-se sobreavaliados por um montante materialmente relevante, a magnitude do qual não estamos em condições de quantificar, dada a incerteza inerente às projeções dos resultados tributáveis do Montepio Geral – Associação Mutualista”, refere a PWC.
Recorde-se que estas reservas da PwC não são novas e a auditora já as tinha mostrado em relação às contas individuais da Mutualista. Reservas que levaram até à criação de um grupo de trabalho que incluiu especialistas externos, dirigentes do próprio Montepio e o anterior auditor KPMG.
Fora estas reservas, diz a PwC que as demonstrações financeiras consolidados “apresentam de forma verdadeira e apropriada […] a posição financeira consolidada” do grupo em 31 de dezembro de 2020 “e o seu desempenho financeiro e fluxos de caixa consolidados relativos ao ano findo naquela data”.
Eleições a 17 de dezembro Ainda esta quarta-feira foi publicada a convocatória para a Assembleia Geral Eleitoral do Montepio Geral – Associação Mutualista (MGAM), estando a reunião magna agendada entre as 9h e as 18h na sede da associação, em Lisboa. Recorde-se que uma das listas é liderada pelo atual presidente Virgílio Lima. Tal como o i avançou, Pedro Gouveia Alves encabeça a lista adversária. As outras duas são apoiadas por Eugénio Rosa e Ribeiro Mendes.