A Fundação de Serralves terá mais um edifício no seu universo, desenhado pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira. Acoplada ao atual complexo do Museu de Serralves, através de uma galeria elevada, que o arquiteto chamou de "ponte", uma nova estrutura, com três pisos, servirá para aumentar em 40% as áreas expositivas, com principal foco nas peças da coleção da Fundação e na arquitetura – que terá um espaço dedicado. O edifício servirá também para aumentar o espaço dedicado ao armazenamento e arquivo de obras do acervo da Fundação.
O novo edifício, que foi apresentado na manhã de quinta-feira, no próprio Museu de Serralves, deverá estar pronto em junho de 2023, e custará perto de 8 milhões de euros, dos quais 4 serão assegurados pelo programa de apoio regional NORTE 2020.
“A concretização deste novo edifício será um marco histórico que terá um impacto bastante significativo no Porto, na região e no país”, começou por explicar Ana Pinho, Presidente da Fundação de Serralves, que fez questão de realçar que “quando o Museu começou, teve 90 mil visitantes, e em 2019 teve quase 1 milhão e 100 mil visitantes”.
Este é “um projeto sonhado há vários anos", e, três décadas depois da abertura da Fundação, e duas décadas depois da abertura do Museu, "a ampliação é fundamental para que Serralves mantenha a dinâmica que pretende ter”, continuou Ana Pinho, antes de dar a palavra ao arquiteto Álvaro Siza Vieira, responsável pelo desenho do Museu já existente, e de vários outros espaços no universo da Fundação de Serralves.
São 4.204 metros quadrados de área bruta de construção, numa área de 1.476 metros quadrados de implantação. O Edifício Poente, como se chama oficialmente, procura aumentar em 40% a área expositiva do museu, com novas salas de exposição interligáveis e ajustáveis, que deixarão o Museu de Serralves com uma área expositiva total de 6.280 metros quadrados, face aos atuais 4.484,90. O Edifício é um novo espaço que albergará também as mais de 4 mil obras que integram a Coleção de Serralves, que servirá para colmatar a "manifesta falta de espaço das instalações, face ao crescente número de atividades que se têm realizado ao longo dos anos", conforme a própria Fundação revela em comunicado.
Este novo edifício vem completar um estilo de “circuito” periférico do parque, entre o Museu, a Casa de Serralves, o edifício da Casa do Cinema Manoel de Oliveira e, agora, esta extensão, que se localizará numa clareira rodeada de vegetação. Uma vegetação, aliás, que levantou preocupações por entre grupos ambientalistas da zona envolvente, que acusaram o abate de um total de 13 árvores do Parque para a construção desta obra. Um assunto, no entanto, que Ana Pinho desvalorizou, esclarecendo que as árvores em questão serão “transplantadas”, e não “abatidas”. Para além dessa realidade, a Presidente do Conselho de Administração da Fundação faz questão de realçar que “a preocupação pela vida vegetal de Serralves foi sempre algo que teve a sua preocupação e do Arquiteto Álvaro Siza”. “A solução encontrada foi minimizar a alteração que se tinha de fazer. O edifício é implantado na clareira, com uma cobertura verde. Temos sempre de tentar um maior equilíbrio entre as várias ambições que se têm, mas não vamos abater as árvores, vamos sim transplantá-las”, concluiu a mesma. O próprio arquiteto tomou as rédeas do assunto, e explicou que o cuidado com a vegetação e o espaço envolvente foi uma constante, desenhando o edifício de forma a que "dançasse" por entre o espaço, de forma a não "ferir determinadas árvores".
Álvaro Siza Vieira, apesar dos largos anos de idade, mostra-se ainda muito presente e vivo na arquitetura da cidade do Porto, e esta extensão do Museu de Serralves é o continuar de um trabalho conjunto entre a Fundação e o arquiteto, que data da construção do próprio Museu, há mais de duas décadas. O arquiteto aproveitou também para enaltecer o novo foco que a Fundação dará à arquitetura, com este novo edifício. “A maioria dos museus de arte contemporânea europeus tem um setor dedicado à arquitetura, e é muito importante chamar a atenção para a importância da arquitetura”, defendeu, mostrando-se satisfeito com o facto de Serralves passar a fazer parte dessa lista de museus europeus.