por Judite de Sousa
1. Foi uma noite comparável à do pântano de 2001. Há várias lições a retirar. Mais uma vez, fica demonstrado que o país real não pensa nem decide como presume o país político e muito mais o país mediático. Em rigor, os media deviam conhecer, apurar o conhecimento sobre o país real num jornalismo e numa opinião mais próximas das pessoas. No entanto, tal não se tem verificado em momentos politicamente sensíveis. Desta vez, o erro foi total, principalmente em Lisboa. Falharam as sondagens. Falharam os comentadores. Confirma-se que os eleitores/cidadãos não são manipuláveis pelos media. É esse o sentido da derrota de Fernando Medina e da vitória de Carlos Moedas. Foi o grande vencedor do ponto de vista político da noite de domingo. Constituiu-se como o mais forte sucessor de Rui Rio. Rio acertou na escolha de Moedas e com a vitória deste o líder do PSD pode respirar por muito mais tempo. As cartas voltaram a estar do seu lado.
2. Uma palavra para Santana Lopes. É um sobrevivente. Caiu, ergueu-se, voltou a cair, voltou a reerguer-se. Existe à prova de bala.
3. Finalmente, Jerónimo de Sousa e o PCP. Tenho para mim que o líder dos comunistas é das pessoas mais respeitadas e empáticas que está na política portuguesa. O resultado da CDU não é um problema de liderança. Nem estratégico. É um declínio com uma dimensão geracional e histórica. Mas isso seria uma outra crónica.