«Sou muito resiliente, e quando estou em baixo, ou a enfrentar alguma adversidade, sinto que consigo sempre recuperar rapidamente e não deixar que essa frustração me afete». Estas são as palavras da jovem tenista Emma Raducanu, quando confrontada com as dificuldades e os obstáculos que travou nesta temporada, primeiro ao ter de desistir durante a quarta ronda de Wimbledon, e, depois, na ‘afterparty’ da incrível vitória no Open dos Estados Unidos.
Raducanu tem apenas 18 anos e faz parte de uma nova e talentosa geração de tenistas que promete dar uma interessante continuidade ao desporto.
Mas quem é, afinal, a nova estrela do ténis, que este ano conseguiu a proeza de escalar 316 lugares no ranking WTA?
Cocktail cultural
Emma Raducanu é britânica, apesar de ter nascido em Toronto, no Canadá. O seu pai é de Bucareste, na Roménia, e a sua mãe da cidade chinesa de Shenyang. É um verdadeiro cocktail cultural e genético, que resulta numa talentosa jogadora de ténis, mas também numa interessada e aplicada estudante. Ian e Renee Raducanu são ambos provenientes de «famílias muito académicas», como a própria Emma confessou publicamente, e esse detalhe ajuda a entender as altas notas que a tenista conquistou ao longo dos seus anos escolares, revelando-se uma aluna exímia, que, ainda assim, não deixou de lado o desporto que começou a praticar com apenas cinco anos de idade.
A tenista – que tem nacionalidade britânica e canadiana – fez manchetes em todo o mundo ao alcançar a vitória no Open dos Estados Unidos com apenas 18 anos de idade. Raducanu tornou-se, aliás, a primeira tenista de sempre a vencer um Grand Slam depois de ter chegado ao mesmo através de um torneio de qualifier, e uma das mais jovens de sempre a vencer em Flushing Meadows, onde Tracy Austin detém o recorde da mais nova de sempre a vencer, aos 16 anos e 270 dias de idade.
No US Open, a britânica foi desbravando caminho até vencer a canadiana Leylah Fernandez, também ela jovem talento, com 19 anos de vida completados dias antes do jogo derradeiro. Uma final que fez lembrar o mítico confronto no Open norte-americano de 1999, entre Serena Williams e Marta Hingis, quando a norte-ame-
ricana tinha apenas 17 anos e a suíça 18.
Os recentes resultados de Emma Raducanu fizeram-na disparar no ranking mundial da WTA, onde ocupava o lugar 338 antes do torneio de Wimbledon de 2021. Agora, depois da chegada à quarta ronda naquela competição, e da vitória em Flushing Meadows, Raducanu é 22.ª na classificação mundial feminina de ténis.
Amor pela moda
Curiosamente, além de ser uma talentosa e promissora tenista, Raducanu tem também mostrado conhecer o caminho da moda e dos acessórios, e a prova disso são os outfits deslumbrantes com que surge nas suas aparições públicas.
Recentemente, a tenista assinou um acordo comercial com a marca Tiffany & Co., que parece ser o claro reflexo desta paixão. Raducanu vai ser a embaixadora da mítica marca de joias, imortalizada pela popular novela de Truman Capote, e pelo ainda mais popular filme protagonizado por Audrey Hepburn.
Já durante o Open dos Estados Unidos, a tenista surgiu banhada em joias e acessórios desta marca. O sucesso de Raducanu revelou-se também numa presença assídua em jornais e revistas, com ênfase para o destaque que a revista Vogue britânica lhe deu, ainda no início deste ano. E, como não podia deixar de ser porque, afinal, estamos em 2021, também as páginas oficiais da tenista nas redes sociais explodiram: no Instagram, por exemplo, passou de cerca de mil seguidores, nos tempos pré-Wimbledon 2021, para 2… milhões (!).
Saúde mental na ementa
Raducanu é uma nova esperança do ténis britânico, a modalidade que tem no país como grande figura Andy Murray, e os últimos meses têm sido de fama, glória e fortes apostas. Paira no ar, no entanto, o receio e a preocupação com conceitos como a ansiedade, a pressão e todos os temas relacionados com a importância da saúde mental dos atletas, que vieram para debate após a desistência de Simone Biles de várias competições em Tóquio2020.
Muitos, ao verem a jovem tenista a alcançar rapidamente os primeiros lugares, não conseguem deixar de pensar no seu bem-estar e nos efeitos que esta rápida ascensão poderá ter, especialmente quando a mesma passou por um preocupante episódio durante o torneio de Wimbledon, tendo, de resto, desistido deste Grand Slam após ter sofrido um ataque de ansiedade que a impediu de respirar em condições.