Gouveia e Melo diz que Portugal tem doses suficientes para vacinar novamente toda a população

Mesmo com as doses necessárias, o antigo coordenador da task-force da vacinação contra a covid-19, disse que “eventualmente” a administração da terceira dose em toda a população não será necessária. Portugal ainda vai receber mais 6,1 milhões de doses até ao final do ano.

O vice-almirante Gouveia e Melo disse que quisesse “vacinar outra vez toda a população com uma terceira dose [contra a covid-19]”, Portugal teria “vacinas suficientes para o fazer”, uma vez que vai receber cerca de 6,1 milhões de vacinas até ao final do ano.

Mesmo com as doses necessárias, Henrique Gouveia e Melo indicou, esta terça-feira na Assembleia da República durante a audição parlamentar sobre o balanço da atividade da task-force da vacinação, que “eventualmente” a administração da terceira dose em toda a população não será necessária.

De acordo com o vice-almirante, no dia em que cessou as suas funções na task-force – 28 de setembro – ainda estavam disponíveis cerca de 2,5 milhões de vacinas, estando previstas chegar no quatro trimestre mais 6,1 milhões de doses.

No Parlamento, Gouveia e Melo também afirmou que Portugal enviou para outros países cerca de dois milhões de doses, o que representa um pouco mais de 10% do total de vacinas que recebeu, das quais cerca de 400 mil foram vendidas.

"Este processo foi conduzido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e pela task force, no sentido de não disponibilizar vacinas que pudessem impactar o plano imediatamente e, por outro lado, não deixar que vacinas se desperdiçassem por perderem a validade", esclareceu o antigo coordenador.

No que diz respeito à inoculação da terceira dose a pessoas com mais de 65 anos, que arrancou esta semana, Gouveia e Melo disse que serão vacinadas cerca de 2,5 milhões de pessoas nesta fase.

Porém, ainda em relação à dose de reforço contra o vírus, o vice-almirante fez questão de deixar claro que quem vacina as pessoas são “os países com as suas políticas e com as suas autoridades de saúde" e “não são as farmacêuticas que vacinam”, uma vez que estas querem, “se fosse possível”, vacinar “as pessoas todas com mais uma dose e depois as crianças até aos zero anos”.

Ainda na audição parlamentar, o vice-almirante reiterou ser contra a "militarização da sociedade", alegando que isso constitui "um perigo".

"Nem todos os pregos são iguais e não há um martelo para todos os pregos", sublinhou Gouveia e Melo, que definiu a missão da task force como "um penso rápido" para um processo extraordinário de vacinação.

"Nós fomos chamados para fazer um penso rápido e fizemos o penso rápido. Acabou o penso rápido e apertamos a mão ao nosso contratante", disse o antigo coordenador da task force, ao admitir que o momento da vacinação simultânea contra covid-19 e a gripe "podia ser disruptivo".

Por isso, Gouveia e Melo indicou que foi criado um núcleo de transição de oito elementos com o objetivo de internalizar os processos e as práticas da task-force no Ministério da Saúde, para que "fique qualquer coisa de positivo deste processo em termos organizativos", salientou.

Atualmente, este núcleo está em funções e estão elementos do Ministério da Saúde a "operar nas instalações militares de Oeiras", a receber esse "treino e formação sobre a forma como operamos em crise e focados na resolução de problemas muito concretos", adiantou Gouveia e Melo.