Não há como resistir ao tentador encanto do conhecimento composto, construído geração após geração, sobre o conhecimento dos que nos antecederam. É por esse motivo que melhor do que ‘tentativa e erro’ é aprender com os atos e as práticas de terceiros. Suscetíveis de serem observadas e, como consequência, absorvidas, não implicam o usufruto das habituais consequências.
Quando se fala em investimento é difícil deixar de fora o chamado ‘juro composto’ na medida em que, tratando-se do reinvestimento dos lucros, faz do valor final um total bem mais superior no final do período de investimento. Imaginando que o leitor investe cem euros hoje e obtém dez por cento de lucro por ano, no final de dez anos, numa situação sem juro composto, terá o equivalente a duzentos euros, ou seja, o dobro do valor inicial. Numa situação com juro composto, o lucro de cada ano é reinvestido, originando durante o mesmo período um total de duzentos e trinta e seis euros, ou seja, um lucro claramente superior à primeira situação.
O mesmo acontece com o conhecimento: as ferramentas, métodos e tecnologia hoje são cumulativas e desenvolvem-se com o desenvolvimento do conhecimento obtido pelos nossos antepassados. O efeito dessa acumulação é um juro com esteróides: o carro de hoje usufrui da invenção da roda, das estradas, da eletricidade e de todos os desenvolvimentos pelo meio.
É certo que na vida não é desejável experimentar tudo na terceira pessoa, e as vivências diretas, o erro e a experiência intensa são benéficas e fazem parte da saúde mental de todo e qualquer indivíduo. Contudo, julgo fazer sentido “beber” desta fonte de juventude que é o tempo e o sofrimento poupado.
Na minha opinião, a colheita máxima dos benefícios acontece quando suportamos as nossas decisões e ações no conhecimento dos demais, especialmente naquelas que se revelaram críticas e consequentes; quando experienciamos na primeira pessoa as circunstâncias superficiais, deixando a estratégia ‘tentativa e erro’ para ser implementada sempre que a vida nos presentear com experiências únicas, de verdadeira exporação.
Derivo dos meus anteriores parágrafos o valor da partilha: existe muito valor no aproveitamento das descobertas daqueles que nos rodeiam. Só dessa forma é possível que, confortável na sua área de especialidade, o leitor possa focar-se no seu trabalho e beber dos benefícios do seu carro, da sua casa, do seu trabalho e, em última instância, da sua vida.
Não há como esquecer que, no final do dia, o mais supérfluo utensílio tem anos de trabalho e milhares de indivíduos em conhecimento.