Considerada uma das principais pintoras e artistas plásticas portuguesas das últimas décadas, Armanda Passos morreu na madrugada de ontem, aos 77 anos. O óbito foi partilhado na página oficial do Museu do Douro e nas redes sociais, que indicam que a artista faleceu “na sequência de uma doença que a afetava há meses”.
Conhecida pela sua arte a cores vivas, o traço muito característico com que desenhava a figura da mulher e a sua relação com a natureza, em particular com as aves, a pintora nascida no Peso da Régua, em 1944, tinha sido condecorada em 2012 com a Ordem de Mérito – Comendador pela extensa obra, que iniciou já depois de se ter mudado para o Porto e se ter licenciado em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, conhecida atualmente como Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, instituição onde depois lecionou Tecnologia da Gravura. Para além disso e do trabalho inscrito nas telas, foi professora de Tecnologia da Serigrafia no Centro de Reabilitação Vocacional da Granja, monitora de Tecnologia da Gravura na ESBAP (1977-1979) e membro do grupo “Série” Artistas Impressores.
Ao longo de uma carreira de mais de quatro décadas, de acordo com os dados biográficos do Centro Português de Serigrafia, Armanda teve obras suas expostas em mostras individuais e coletivas em países como Espanha, Bélgica, França, Alemanha, Suíça, Inglaterra, Luxemburgo, Itália, Turquia e EUA. E o seu trabalho valeu-lhe importantes distinções, tais como o 2º Prémio do Ministério da Cultura na Exposição “Homenagem dos artistas portugueses a Almada Negreiros”, Lisboa, 1984, a Menção Honrosa no “VIII Salão de Outono – Paisagem portuguesa”, Galeria do Casino de Estoril, 1987, a Menção Honrosa no “III Prémio Dibujo Artístico J. Pérez Villaamil”, Museu Municipal Bello Piñeiro, Ferrol, Corunha, 1990 e o Prix Octogne, Charleville (Mezières, França), 1997.
Em maio, o Museu do Douro inaugurara o Espaço Armanda Passos, com o objetivo de homenagear a artista, onde se encontram expostas em permanência 83 obras, nomeadamente em óleos, serigrafias e gravuras. As obras em causa foram oferecidas pela pintora ao museu.
Numa nota de pesar publicada no site oficial do ministério, a Ministra da Cultura, Graça Fonseca diz lamentar profundamente a morte de uma “referência maior das artes plásticas portuguesas, tanto nacional como internacionalmente”.
Lembrando que a artista “representou Portugal em diversos eventos internacionais, como na V Biennale Der Europaischen Grafik (1988) ou na Exposition Internationale de la Gravure – «Intergrafia 91» (1991-1992)”, a ministra da Cultura descreve a artista plástica como uma “criadora de imagens poderosas, que provocam, desconcertam e devolvem o olhar a quem as observa”.
A nota lembra ainda não apenas o “talento único” e o seu “contributo inestimável para a cultura portuguesa” mas também “a imensa generosidade de uma artista que doou parte significativa da sua obra para fruição pública”.