Uma estátua imponente de uma cabeça de mulher com o dedo indicador encostado aos lábios encara a parte baixa de Manhattan ao longo do Rio Hudson, em Nova Iorque, convidando a metrópole “caótica” a parar e escutar. A escultura tem 22 metros e foi realizada pelo artista plástico Jaume Plensa.
Segundo o artista, a obra tenta transmitir uma mensagem de tranquilidade e unidade no ambiente negativo dos últimos anos: "Eu passo a vida a viajar pelo mundo e só conheço pessoas que se parecem comigo, as diferenças são tão pequenas que ainda me surpreende, e essas diferenças são o que nos dá a qualidade e diversidade para ser capaz nos relacionarmos com o outro”, afirmou à Efe.
"Water's Soul", em português “Alma da Água” é a maior escultura que projetou até agora e o escultor catalão diz querer “pedir silêncio” e homenagear a água. “Pareceu-me muito apropriado fazer uma figura com o dedo nos lábios, porque penso que estamos num momento tão ruidoso que não podemos ouvir esta voz profunda da água que está sempre a falar connosco ”, disse o artista catalão à Efe.
“Somos 60% água, 70% da superfície terrestre é água, e nós habituamo-nos tanto a vê-la que já não percebemos que ela existe. Acho que é hora de recuperá-lo e voltar a dar-lhe atenção. O trabalho, o busto de uma jovem com o dedo indicador nos lábios, está localizado num calçadão na área de Newport, em New Jersey, e olha para os arranha-céus inconfundíveis da Big Apple, com o icónico Empire State Building à vista”, contou.
Ao desenhar a peça, Plensa explica que também levou em consideração as tribos que habitavam a região de New Jersey onde a obra será instalada permanentemente: os Lenapes. “Eram animistas que estavam convencidos de que em tudo o que existia havia uma alma. Identifiquei-me muito com eles e talvez por isso lhe dei este nome”, explicou ainda.
A escultura, que, por si só, já possui 22 metros de altura, adquiriu ainda mais altura ao ser instalada num pódio de dois metros, desenhado com o intuito de que a peça não seja danificada pela água, já que se trata de uma zona sujeita a subida do nível da água. “Vejo a estátua da janela do meu hotel em Nova Iorque", admitiu Plensa. “Também se tornou uma paisagem de Manhattan, o que também era muito importante para mim ”, frisou.
Segundo o artista catalão, a obra não é apenas um sucesso estético, que consegue destacar-se na paisagem cinzenta de uma grande cidade, mas é também um triunfo para toda a equipa técnica do Plensa, que tem trabalhado em estreita colaboração com engenheiros de Nova Iorque e Nova Jersey.
Trata-se de uma escultura de 30 toneladas, feita de fibra de vidro estruturada com resina de poliéster e pó de mármore, composta por 114 peças diferentes.