Carolina Deslandes recorreu às redes sociais para denunciar o facto de ter sido assaltada e alegadamente maltratada, na última quinta-feira, no bar Hot Five, no Porto, onde foi dar um concerto com Irma.
“Ontem fui cantar ao Hot Five, o clube de Jazz no Porto, na Boavista, com a Irma, a custo zero. Fui pela minha amiga”, começou por contar a cantora, que destacou o facto de nunca se ter queixado de um serviço ou de ter sido maltratada num concerto em quase dez anos de carreira.
“Cheguei para fazer o ensaio de som, na sala de espetáculos, e pousei as coisas na minha cadeira. Fiz o ensaio de som e a seguir fomos maquilhadas e penteadas na casa de banho. Eu disse à Irma que não ia estar a levar as minhas coisas, ia deixá-las ali [na sala]. O clube estava fechado, ainda não tinham aberto portas e a casa de banho é para aí a 25 passos da sala. Não estava lá ninguém”, explicou.
“Sou maquilhada, penteada, as equipas regressam do jantar, eu e a Irma não fomos porque ficamos a preparar-nos para o concerto, e eu começo a pedir as minhas coisas”, disse, sublinhando que foi nesse momento que deu por falta do seu casaco, sapatilhas e mala.
Segundo a cantora, nesse momento, o dono do espaço ofereceu-se para mostrar as imagens das câmaras de vigilância, algo que terá demorado horas a acontecer. “Se tenho um artista que é assaltado dentro da minha casa e digo que tenho câmaras de segurança, o que é que faço: antes sequer de pôr alguém lá dentro, vou verificar as câmaras para perceber se foi um roubo ou o que aconteceu. Até porque tinha os meus cartões de multibanco lá dentro e tinha de saber se os tinhas de cancelar ou não”, realçou.
“Demorou quase duas horas a ir às câmaras de segurança, quando vai percebe-se que foi um roubo. Alguém entrou pela porta do lado da sala que estava aberta – foi deixada aberta pela equipa da Irma, sim – mas têm de perceber que para alguém chegar àquela porta teve de trepar um portão de quatro metros que estava tapado por um carro e andar um corredor. Alguém deveria ter adivinhado que aquela porta poderia estar aberta e arriscar trepar um portão”, contou.
“Tudo isto é profundamente rebuscado na minha opinião”, considerou.
“Quando vou ver o vídeo, vejo uma pessoa que entra com toda a calma dentro da sala, uma sala onde estavam guitarras caríssimas, onde estavam milhares de coisas, olha para um casaco, uma mala e uns ténis e leva-o com a maior das calmas”, disse a cantora, que partilhou o vídeo do assalto.
“Fico a pensar: uma pessoa que trepa um portão, que apanha uma brecha de porta aberta, quer roubar umas coisinhas? Vai estar com a calma de quem passeia num parque? Não me cheirou bem esta história, mas era o concerto da minha amiga e eu não o queria estragar”, confessou.
De acordo com a artista, a situação acabou mesmo por piorar. “O concerto acaba, estava com um grupo de quatro pessoas, fiquei lá a beber uns copos, a conversar, a comentar a minha frustração de ter sido assaltada. Pensei, esta história está mal contada. Amanhã vou à polícia e se acharem o mesmo vai investigar”, recordou.
“Cruzei-me com o dono da casa várias vezes e ele não me dirigiu uma palavra. As minhas coisas são roubadas dentro da casa dele e não há o mínimo de: 'Carolina queria pedir-te desculpa, isto nunca aconteceu, foi um azar', ou prontificar-se para chamar a polícia”, disse.
“Chegamos à porta, eles entregam os cartões deles e eu não tinha cartão, porque eu estava lá desde a tarde, estive lá a cantar e ninguém me deu cartão. Pagámos a conta do cartão de consumo, que ainda foi uma conta fixe e ele está atrás da caixa a ver-nos a pagar a conta, a conversar sobre o sucedido”, lembrou, lamentando o que se passou a seguir.
“Eis se não quando a funcionária, que estava ao lado dele quando pagamos a conta, vem a correr atrás de nós até ao fundo da rua. 'Peço imensa desculpa mas vou ter de verificar se todos vocês me entregaram os cartões'. Ele mandou a miúda atrás de nós para ver se tínhamos pago tudo, se alguém tinha fugido. Isso por si só para mim já é ofensivo, agora, acabo de pagar a conta à tua frente, entrego os cartões à tua frente, não foi uma coisa de cinco minutos, estás-me a ouvir e mandas a tua funcionária atrás de mim ao fundo da rua depois de ter sido gamada aí dentro? De não me teres dirigido a palavra? De não teres chamado a polícia? Ainda estou a ser acusada de roubar, era o que me faltava. Aí mexeu com a minha sanidade mental”, afirmou a cantora, explicando que voltou atrás para transmitir uma mensagem ao dono do espaço.
“’Isto que aconteceu aqui é inadmissível desde o momento um. Eu sou roubada, não chamas a polícia, não ajudas em nada, não dizes nada […]. Foste negligente. Este vídeo do assalto está muito mal contado. […] Não tens vergonha na cara?’", lembrou.
Segundo a cantora, o dono ofendeu-a perante as queixas e esta acabou por descrever o sucedido no livro de reclamações.
“Falei alto, estava nervosa com legitimidade, estava revoltada com a situação porque estava preparada para ir para casa. […] Berrei com o homem e ele em momento nenhum pediu desculpa”, disse. “Em 10 anos de carreira nunca me tinha acontecido uma coisa assim”, rematou.
Entretanto, o dono do estabelecimento contou a sua versão dos factos ao Jornal de Notícias e disse estar de “consciência tranquila”.
“Às 16.30 horas abri a porta e entreguei as chaves às pessoas da produção. Quando saíram para jantar, inadvertidamente, alguém deixou a porta do palco aberta e foi nessa altura que as coisas desapareceram. Quando eu chego às 9 da noite já tinha muita gente à porta e lá dentro andavam à procura das coisas da Carolina”, disse Alberto Índio, que alega ainda que “foi o road manager da Irma que pediu para não ver as imagens antes do concerto, pois a Carolina podia enervar-se e já não querer atuar”.
O empresário diz que já avançou com uma queixa na polícia, uma vez “que houve um assalto que foi documentando”.
Alberto Índio nega ainda que não tenha dirigido a palavra à artista, mas reconhece que houve um problema com os cartões de consumo. “Ela estava com quatro amigos e só pagaram três cartões”, disse. “Mas eu nem estava na caixa, ao contrário do que ela diz”, alega.