A variante Delta continua a apresentar uma frequência relativa de 100% em Portugal, revelou, esta terça-feira, o mais recente relatório de situação sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
O relatório contém uma amostra que “envolveu laboratórios distribuídos pelos 18 distritos de Portugal continental e pelas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, abrangendo uma média de 127 concelhos por semana” e, de acordo com os dados analisados, a variante Delta (B.1.617.2) apresenta uma frequência relativa de 100% nas semanas 39 e 40 (entre 27 de setembro e 10 de setembro), com amostragens fechadas e análises concluídas.
Já na semana 41, de 11 a 17 de outubro, “apesar de a variante Delta apresentar uma frequência relativa de 100%, este valor é provisório pois os dados ainda estão a ser apurados”.
Desde a semana 40, que “é apresentada uma evolução semanal da frequência relativa das diversas sublinhagens da variante Delta”, definidas com o prefiro AY. “Esta subclassificação, através do agrupamento de vírus com maior proximidade genética/epidemiológica entre si, facilita a monitorização contínua da evolução genética e dispersão geotemporal de SARS-CoV-2, potenciando a deteção precoce de novas constelações de mutações (i.e., variantes) de interesse”, explica o INSA.
Esta discriminação em sublinhagens não indica, contudo, que as variantes apresentem “diferenças funcionais”, tais como maior transmissibilidade, associação a doença severa ou maior capacidade de evasão ao sistema imunitário.
Em Portugal, foram analisadas 9.963 sequências da variante Delta, que se dividem mais de 30 sublinhagens. O INSA destaca “a atual circulação de diversas” destas sublinhagens, sendo que 14 foram detetadas consecutivamente nas últimas três semanas ou na atual semana em análise, mas nenhuma “apresenta uma frequência relativa com tendência crescente, com exceção da sublinhagem AY.5”.
No que diz respeito à sublinhagem AY.4.2., foram registados nove casos entre os dias 24 de agosto de 4 de outubro. Já na semana de 4 de outubro a 10 de outubro, foi detetado um caso da sublinhagem AY.1., “após sete semanas consecutivas sem a deteção de qualquer caso”.
O relatório refere ainda que não é detetado qualquer caso associado à variante Gamma (P.1) desde a semana 37 (13 a 19 de setembro), situação semelhante à variante Beta, que não é detetada desde a semana 29 (19 a 25 de julho).
Desde abril de 2020, o INSA tem vindo a desenvolver o 'Estudo da diversidade genética do novo coronavírus SARS-CoV-2 em Portugal', com o objetivo de “determinar os perfis mutacionais do SARS-CoV-2 para identificação e monitorização de cadeias de transmissão do novo coronavírus” e identificar “novas introduções do vírus em Portugal”.
Até à data, foram analisadas 19.443 sequências do genoma do novo coronavírus, obtidas de amostras colhidas em mais de 100 laboratórios, hospitais e instituições, representando 303 concelhos de Portugal.