Por Aristóteles Drummond
O Presidente Bolsonaro é realmente um fenómeno do populismo de direita, hoje presente em muitos países. Não tem carisma, não é grande orador, não é um ideólogo, não tem habilidade política, mas mantém um contingente avaliado em um quarto do eleitorado brasileiro fiel. Este núcleo representa menos da metade dos votos obtidos em 2018, mas decisivo numa eleição. Sua aposta é ir para a segunda volta contra Lula e ser eleito pela rejeição ao líder esquerdista, desgastado com os escândalos de corrupção em seu entorno e pela ação do Judiciário, que anulou muitas das provas apresentadas contra ele. Mas analistas, que nem sempre acertam, avaliam que a grande chance será do nome que se destacar como uma terceira via.
Impressiona a resistência aos ataques que sofre das mais diferentes e significativas instituições do país. Desde os demais poderes, Legislativo e Judiciário, à sociedade, via entidades de classe como a dos advogados e professores, a maioria da mídia. O setor financeiro não lhe é hostil, mas teme que seu desgaste possa favorecer a volta das esquerdas, que, dessa vez, viria com maior ímpeto no sentido de alterar as estruturas económicas do Brasil.
O país vive um momento de crise de confiança. A elevação dos gastos em cerca de 15 mil milhões de euros equivalentes para o programa social Auxílio Brasil, para atender a 17 milhões de famílias, despertou queda na Bolsa e desvalorização do Real. O Presidente correu a aparecer na televisão ao lado do ministro Paulo Guedes, reafirmando seu apoio ao respeito ao teto de gastos. Mas está evidente que manobras dos parlamentares, na prática, faz subir os gastos para o próximo ano, o das eleições.
O fato é que, de crise em crise, ele vai perdendo gás e, como faltam 11 meses para as eleições, a alta dos preços e a taxa de desemprego podem fazer derreter o capital eleitoral do Presidente. As forças que lhe sustentam são as mesmas que abandonaram a presidente Dilma diante do naufrágio de sua gestão.
VARIEDADES
• Dia 27 de novembro a decisão da Libertadores será entre o Flamengo, do Rio de Janeiro, e Palmeiras, de São Paulo. Mas será em Montevideo, no Estádio Centenário, que recebeu melhoras para o evento. Com duas grandes torcidas, a esta altura, já são oito os aviões fretados para levar os torcedores. Mas são previstos mais de uma centena de autocarros, apesar da capital uruguaia ficar a 2400 km do Rio e a 2000 km de São Paulo. Os ingressos começam esta semana a ser vendidos e as autoridades do Uruguai exigem certificado de vacinação para ingresso no país. Os que forem por terra terão de exibir também o ingresso para o jogo. Há preocupações de atritos entre as duas torcidas.
• Alívio na situação hídrica. Chuvas no Sul e alguma coisa no Sudeste. A sorte do Brasil continental é que o regime das águas varia do Norte para o resto do país, estando sempre uma parte na temporada de chuvas. Mas o uso das térmicas fez aumentar muito o preço da eletricidade. O abastecimento da cidade de São Paulo está perto da normalidade.
• A crise na China preocupa o agronegócio brasileiro. Restrições sanitárias à carne surgiram e menos compras do minério de ferro, cujas cotações caíram, repercutem nos resultados.
• José Paulo Cavalcanti, o intelectual brasileiro que mais conhece Fernando Pessoa, seria o nome natural para a Academia Brasileira, na cadeira vaga com a morte de Marco Maciel, pernambucano como ele. Mas neste momento a Academia anda muito voltada para os amigos de dois ou três que a controlam. O que é uma pena.
• Dificuldades nos embarques marítimos fizeram sobrar em seis meses o transporte de carga aérea no Brasil. Umas das beneficiadas é a LATAM, que se encontra em recuperação judicial.
• A criatividade na vida rural brasileira é grande. Agora, plantações de lavanda, para a produção do óleo em uso em cosméticos, torna o país autossuficiente e começa a exportar aos vizinhos. A maior plantação é no sul de Minas Gerais e o beneficiamento no Rio.
• A histórica de Ouro Preto (MG) sofreu muito com chuvas recentes. A cidade é monumento nacional e mundial.
• O Flamengo está numa fase tão boa que seu atacante Pedro, artilheiro, é reserva no time, mas está sendo cobiçado pelo Palmeiras, de São Paulo. O clube sofreu uma derrota para seu adversário histórico, o Fluminense, mas continua liderando todos os campeonatos em disputa.
Rio de Janeiro, outubro de 2021