Depois de ser uma das principais vozes do movimento #MeToo – onde dezenas de mulheres acusaram Harvey Weinstein de assédio sexual – Salma Hayek voltou a falar sobre os abusos que sofreu do ex-produtor de cinema.
Em 2017, aquando a divulgação do escândalo, a atriz escreveu um artigo de opinião no jornal The New York Times, onde revelou os “nãos” que disse ao longo dos anos em que trabalhou com o Weinstein. “Não a tomar banho com ele. Não a deixá-lo ver-me a tomar banho. Não a deixá-lo fazer-me uma massagem. Não a deixar um amigo dele nu fazer-me uma massagem. Não a deixá-lo fazer-me sexo oral. Não a ficar nua ao lado de outra mulher. Não, não, não, não, não…”, contou.
Agora, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Salma Hayek, de 55 anos, recorda momentos das filmagens do filme “Frida”, lançado em 2002. Segundo a própria, o produtor ligava-lhe a gritar: “Porque é que tens uma [monocelha] e um bigode? Não te contratei para estares feia!”.
“Se um homem estivesse a interpretar [o escritor] Cyrano de Bergerac, ele não diria, ‘O que se passa com o [grande] nariz?’”, acrescentou, referindo-se ao facto de a sua “monocelha e bigode” serem característicos da personagem que estava a interpretar, Frida Khalo.
No artigo de 2017, a atriz, que faz parte do elenco dos filmes prestes a estrear ‘Os Eternos’ e ‘Casa Gucci’, afirmou que nunca foi agredida fisicamente por Weinstein por ser amiga de pessoas como Robert Rodríguez, George Clooney e Quentin Tarantino.
Questionada sobre essa afirmação pelo The Guardian, a atriz sublinhou: “Também eu fui muito forte”. “Não disse apenas que não. Sou muito forte e devo ser reconhecida por isso”, frisou. “Ele nunca me viu frágil. Não é que não tenha tido medo, mas não se via. Consigo ser intimidante com a minha força tranquila, entendes?”.
A atriz acrescentou ainda que Weinstein, condenado a 23 anos de prisão em 2020 por violação e agressão sexual, “não foi nem o primeiro nem o último homem” a intimidá-la, sublinhando que se trata de um problema “sistémico” de Hollywood.