Os oitos diamantes apreendidos pela Polícia Judiciária (PJ) no âmbito da Operação Miríade – a investigação de militares envolvidos em tráfico de diamantes, ouro e droga na República Centro-Africana (RCA) – valem apenas 290 euros. A notícia é avançada pelo jornal Público, que revela ainda que os diamantes são provenientes de um negócio de cerca de 10 mil euros. No entanto, as pedras valem bem menos.
Após a denúncia de um major ao serviço da 6.ª Força Nacional Destacada (FND) na RCA, a PJ mandou verificar a qualidade dos diamantes e os resultados foram surpreendentes: três diamantes em bruto têm um valor comercial de cerca de 81 euros, enquanto os cinco lapidados valem 209 euros, perfazendo um total de 290 euros.
Os diamantes em bruto só têm valor para serem usados na produção de material para a construção. Já os lapidados podem ser usados na produção de joias.
Tal como o i avançou na edição de quarta-feira, foi a falta de pagamento de uma comissão de apenas 5 mil euros, prometida a um intérprete da ONU que servia de intermediário entre os Comandos portugueses e as redes de tráfico de diamantes na RCA, que levou à denúncia do caso.
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“O intérprete da ONU, natural da República Centro-Africana, servia de intermediário entre os Comandos portugueses envolvidos na rede e os fornecedores locais. Tudo corria bem, até os cúmplices militares terem falhado o compromisso. Em 2019, após a entrega de um saco com diamantes, o peão local ‘leva uma banhada’ e denuncia os cúmplices às Forças Armadas portuguesas. Dois anos depois, na Operação Miríade, a PJ executou uma centena de mandados de busca e deteve onze pessoas, entre elas um advogado, cérebro da rede de branqueamento de capitais, que criou 40 empresas que serviam para escoar e branquear os produtos traficados pela rede”, revelou há dois dias o i.