Por Carlos Chaves, Major-general reformado
Sou, desde sempre, adepto de ‘ler é o melhor remédio’ (plagiando a rubrica televisiva de Júdice). Gosto de ler, analisar, refletir e, apesar de algumas limitações, escrever. Gosto de escrever o que é uma tremenda e perigosa responsabilidade, porque o escrito fica registado, compromete, pode ser, por outros, analisado, comentado, criticado, vilipendiado e mesmo ofendido… mas é muito salutar, um bom ‘caminho de vida’ e constitui um precioso ato de cidadania.
Escrevo, só, sobre o que sei, leio ou conheço, com base em fatos e provas irrefutáveis. Leio os clássicos, os contemporâneos, mas principalmente os escritores do futuro. Olhei sempre em frente, tentando descortinar e perceber ‘o que aí vem’ e nunca me preocupei em deixar para trás a ‘carroça’, sempre cheia, daqueles que mais não fazem do que nos seguir… criticando e tentando puxar… para trás.
Gosto de ler os que ensinam e praticam e não os teóricos, mercadores e comerciantes de livros. Leio os filósofos e sociólogos contemporâneos (como o são Manuel Maria Carrilho e José Sobral, meus antigos colegas do Liceu de Viseu) mas também os políticos do futuro como o é o Miguel Morgado e, felizmente, muitos outros.
Tive a felicidade de, ao longo da minha já cumprida e comprida existência, ter lidado, quase sempre, com jovens, ensinando e aprendendo. Eles mantiveram-me vivo, ativo e ‘jovem’ como eles.
É, essencialmente, para eles que escrevo as minhas convicções, resultantes das reflexões e análises que faço e o que da vida vou extraindo.
Considero-me um espírito progressista e de pendor ‘reformista’, pois nunca fui conformista e reagi, sempre, ao conformismo, ao situacionismo, à inação, ao dizer mal de tudo e de todos, só porque é cómodo e às vezes até remunerador, antes enfrentei os ‘Velhos do Restelo’ (e de outros locais de Lisboa), tentando ver, compreender e Agir para além do ‘sempre foi assim’, porquê mudar?
Considero assim que, quem chega aos sessenta anos e, olhando para trás… nada encontra que, de significativo, tivesse realizado, não tem a autoridade moral para, depois de reformado, tudo julgar saber e sobre tudo se querer pronunciar.
Nunca me preocupei com os ‘inimigos’, porque sem eles, um homem é como um jardim sem flores, não passando de um(a) simples banana num uniforme e imenso bananal.
Estimo, considero, leio e discuto com ‘adversários’ do pensamento e da ação, pois entendo ser, na diferença e no diálogo, que se encontram o rumo certo e as boas ideias.
Bem tudo isto vem a propósito ou sem propósito do designado Grupo de Reflexão Estratégica, (dito) Independente, o GREI, pouco conhecido do povo e a quem pretendo dar a conhecer.
Comecei por ‘visitar’ a respetiva página na internet – grei.portugal.org – e aqui li, na Carta de Apresentação, que é uma associação com a finalidade de realizar estudos de natureza estratégica, económica e social sobre Portugal e a sociedade portuguesa, numa perspetiva do desenvolvimento, da defesa e da segurança e dos valores da cidadania. Tem como órgãos sociais uma assembleia geral, um conselho, uma direção e um conselho fiscal.
Os sócios são pessoas singulares, ligadas aos vários setores da vida nacional, interessados pelos fins da associação e, que sejam admitidos por deliberação da assembleia, sob proposta da direção e depois de ouvido o conselho, podendo ser efetivos ou honorários ou ainda especialmente convidados, de entre aqueles que possam constituir-se como uma mais valia para o proposto debate cívico. (podemos ali ler os nomes dos sócios fundadores, cerca de 30 oficiais generais e os efetivos, igualmente só oficiais generais, dos três ramos).
Simples e ao mesmo tempo complexo como em todas as ‘maçonarias’ brancas ou de qualquer outra cor…ou finalidade.
No setor das atividades, um muito limitado histórico que, para além de um In memoriam onde se noticia quem, da lei da vida na morte se vai libertando, se referem algumas assembleias, reuniões/almoçaradas (pois na tropa nada se faz sem rancho) e mais nada de relevante.
O setor relativo à Informação (estudos, escritos de opinião, sugestões/comentários e eventos) integra quatro estudos e cerca de uma trintena de informações. (2017/2021).
Ali se assinala ainda a publicação em 18 de julho de 2017, de um livro de titulo – Força Armadas Portuguesas, a complexidade dos desafios e a condição militar (não o conhecendo, deduzo, que se tratará de um ‘caderno reivindicativo’ de base salarial e outras ‘regalias’, tão ao gosto destes ‘sócios’) e oferecido em audiência, para o efeito concedida, em 12 de setembro de 2017, pelo Comandante Supremo (que pasme-se ou não, tão combatido por estes ‘sócios’ foi na sua primeira eleição, por estes terem estado ao lado e mesmo à frente, de Sampaio da Nóvoa).
Merece também referência a realização de um seminário em 4 de julho de 2019.
E, por aqui se ficam…
Os órgãos sociais (2021/2022) ali apresentados respeitam uma composição tripartida (Armada, Exército, Força Aérea), requisito sempre exigido pela ‘tropa’ e, deduzo, que devam obedecer à ‘lei’ da rotatividade entre Ramos, tão a gosto dos ‘cruzados’ defensores da moral, dos costumes e das tradições.
É isto o registado na página oficial em 31 de outubro de 2021.
(Continua no próximo número).