Por Aristóteles Drummond
O atraso nas reformas, os gastos com projetos sociais e as despesas com os juros da dívida levam o Brasil ao desastre ainda este ano. As vendas no comércio caíram pelo segundo mês seguido, o consumidor está preocupado com a inflação, que chega a mais de 10% – e é maior ainda na alimentação. O mercado financeiro internacional começa a rebaixar os títulos públicos e privados brasileiros.
O Presidente Bolsonaro parece que se precipitou em gastar para manter a popularidade, apesar de a economia estar naturalmente fragilizada, como no resto do mundo, pela pandemia. Poderia ter esperado ficar mais próximo das eleições para promover os gastos inflacionários. Suas declarações permanecem negativas, assim como os reflexos delas.
Os economistas e empresários lamentam que este desgaste ocorra no mesmo momento em que o país avança na entrega ao setor privado de estradas, portos, aeroportos, 5G, com investimentos imensos. Mas as últimas licitações já não atraíram estrangeiros. Como seus interlocutores são tão despreparados quanto ele, desce a ladeira da popularidade e dos bons resultados na economia em velocidade crescente. O desastre já é visível. A situação não é mais negativa, pois a candidatura Lula perde substância e as chances de uma terceira via crescem, apesar de serem muitos os candidatos à vaga.
Neste domingo o PSDB, partido do ex-Presidente FHC, vai escolher o candidato em prévias. Se for o governador de São Paulo vai ser um tiro no pé, pois não tem chance eleitoral, o que não ocorre com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que pode crescer e chegar a segunda volta. Bolsonaro não consegue acertar um partido para ingressar. Exige obediência total.
O PT ficou dividido com a divulgação de aplausos à reeleição de Daniel Ortega, na Nicarágua, enquanto os oponentes estavam presos. A ala menos revolucionária percebeu o desastre dos companheiros de Lula da Silva insistirem no apoio a regimes claramente populistas e ditatoriais, como Venezuela e Nicarágua.
Variedades
– A viagem do Presidente Bolsonaro a Dubai e outros países do Golfo foi positiva. O pavilhão do Brasil na EXPO elogiado. Mas a mídia brasileira destaca as falhas em suas falas.
– O ex-juiz Sergio Moro lançou-se na política, mas, apesar de ter tido popularidade com a operação Lava-jato, vem se desgastando por ter renunciado a 22 anos de carreira e evidenciar ambições. A terceira via se aproxima cada vez mais do sulista Eduardo Leite, caso este vença as eleições internas de seu partido.
– A Votorantim Cimentos ampliou sua presença na Espanha com aquisições. Já tem liderança na Península Ibérica, forte presença nos EUA e Canadá, e mais da metade de seu faturamento já vem do exterior.
– Em São Paulo, novidade no imobiliário foi o lançamento de habitação T1, com pé direito de 3,4 metros de altura. E a tendência de conciliar o luxo em menos espaço e em endereço sofisticado.
– Naji Nahas, um polémico investidor no mercado de ações, declarou estar desanimado com a economia brasileira. E cita ausência de reformas, inflação, insegurança jurídica e risco político.
– Esta semana a Academia Brasileira de Letras elegeu o cantor e compositor Gilberto Gil. A próxima eleição, ainda este ano, deve eleger um médico, Paulo Niemeyer Filho, grande neurocirurgião. A última vaga a ser preenchida espera-se que seja para um autor de livros e não de músicas e receitas médicas. Semana passada, conforme registámos aqui, foi eleita a atriz Fernanda Montenegro.
– Confirmada a informação do Nascer do SOL, aqui, de que o novo embaixador do Brasil em Lisboa será o ministro do Tribunal de Contas Raimundo Carreiro. Os diplomatas não gostaram da volta de indicações fora da carreira.
– Fernando Morais, autor de biografias de referência como a de Assis Chateaubriand, lançou a de Lula da Silva. Mas não aborda a prisão, as condenações, os escândalos que marcaram os governos do PT. Inacreditável.