ECDC recomenda dose de reforço em todos os adultos e alerta para a entrada na UE numa zona de “risco muito elevado” de contágio

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças considera que a quinta vaga que está a instalar-se na Europa deve-se à baixa taxa de vacinação contra a covid-19 e para que esta seja travada, será necessário vacinar todos adultos, principalmente a partir dos 40 anos. 

A dose de reforço contra a covid-19 deve ser administrada a todos os adultos, priorizando os maiores de 40 anos, anunciou o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), tendo alertado ainda para a possível situação de "risco muito elevado" da pandemia nos meses de dezembro e janeiro na União Europeia (UE) devido à baixa taxa de vacinação. 

O anúncio foi feito esta quarta-feira pela diretora Andrea Ammon e marca uma mudanças naquelas que eram as recomendações da agência europeia. Recorde-se que, em setembro, o ECDC e a Agência Europeia do Medicamento (EMA) afirmaram que a dose de reforço era apenas necessária em pessoas com problemas no sistema imunitário e mais velhas. 

“As doses de reforço devem ser consideradas para todos os adultos dando prioridade aos que têm mais de 40 anos”, confirmou Andrea Ammon, indicando que são elegíveis as pessoas com quadro vacinal completo há pelo menos seis meses. Para além dos idosos e imunodeprimidos, os profissionais de saúde também devem ser um grupo prioritário. 

De notar que as recomendações do ECDC servem principalmente para guiar os governos dos Estados-membros da comunidade europeia. 

Já Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, também afirmou que o processo de vacinação na Europa deve ser reforçado para se travar a pandemia. “Queremos convencer as pessoas a serem vacinadas. As doses de reforço devem estar disponíveis para adultos, com prioridade para as pessoas com mais de 40 anos. Outra das prioridades é a vacinação de profissionais de saúde.”, escreveu na rede social Twitter, evidenciando a importância do distanciamento social e do uso das máscaras. 

Contudo, a UE está na iminência de ficar na zona de "risco muito elevado" de contágios por covid-19. "Sem alterações nas taxas de contacto em relação aos níveis atuais, estimamos que os países com o nível mais elevado de cobertura vacinal de mais de 80% estão em 'risco acrescido', enquanto os com os níveis de cobertura vacinal inferiores a 80% estão em 'alto risco'", alertou também o ECDC, num relatório publicado hoje, notando que a propagação da variante Delta "será muito elevado em dezembro e janeiro" na UE e ainda no Espaço Económico Europeu (EEE), "a menos que sejam agora aplicadas medidas de saúde pública em combinação com esforços contínuos para aumentar a administração de vacinas na população total".

Vários países no continente europeu, entre os quais Portugal, estão a registar um crescimento do número de infeções, levando os governos a equacionar novas medidas restritivas para travar a quinta vaga que se está a instalar. 

“Novas evidências que nos chegam de Israel e do Reino Unido mostram um aumento da protecção contra a infecção e contra a doença grave depois da toma de uma dose de reforço em todos os grupos etários”, sublinhou o ECDC no documento. 

Segundo a diretora do ECDC, menos de 70% da população da UE está totalmente vacinada e que as pessoas não-vacinadas representam uma oportunidade para o vírus se propagar. “Há ainda muitos indivíduos em risco de uma infecção severa e que precisam de ser protegidos o quanto antes”, assinalou. “Temos de fechar esta grande lacuna vacinal” para impedir que o vírus se alastre, apontou Andrea Ammon, realçando ainda que este processo é demoroso e que o efeito das vacinas só será visível duas semanas após a administração. 

As recomendações da ECDC deverão ser tidas em conta pela Comissão Europeia, que no final da semana irá apresentar mudanças nas condições de utilização dos certificados digitais da covid-19. 

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