Por Aristóteles Drummond
Apesar dos reflexos nos mercados financeiros, ações, juros e câmbio, a crise política brasileira vem afetando pouco a economia. O superávit na balança comercial do ano é de inacreditáveis 11 mil milhões de euros equivalentes, compensando a fuga de capitais registrada ao longo do ano. As empresas cotadas em bolsa estão com lucro, a fusão de empresas no setor da medicina é enorme, em redes de hospitais e laboratórios de análises e exames de imagem.
O imobiliário arrefeceu um pouco, mas ainda é positivo.
A inflação, que é um fenómeno mundial fruto da pandemia e suas despesas com medicina e o social, deve ter o controle facilitado pela independência do Banco Central, que impede interferências políticas em sua gestão. Mas o combate vai exigir remédios amargos, como juros mais altos, que fazem crescer a despesa pública. O setor privado nacional deve pouco, preparou-se para a desvalorização cambial e subida dos juros, inevitáveis a cada entrevista do Presidente da República. O ponto fraco fica por conta das politicas publicas, com inflação e baixo crescimento por falta de reformas.
Os investimentos monumentais do setor privado na infraestrutura, estradas, ferrovias, portos, aeroportos, telecomunicações (5G) no próximo ano só podem ser abalados com uma hipotética liderança de Lula da Silva, ou um indicado seu, na sucessão.
Lula mostra que realmente assume uma postura económica intervencionista, o que assusta. Em discurso no Parlamento Europeu, afirmou que a crise social no Brasil se resolve «colocando os pobres no orçamento do Estado e os ricos no Imposto de Renda». Nada mais explícito para quem conhece um mínimo de economia e a velocidade com que o dinheiro migra. Em entrevista a El País, de Madrid, Lula elogia Ortega, Chávez e o regime cubano.
A inconveniência mais recente do Presidente Bolsonaro, para tirar o sono dos economistas, foi falar em aumento para os servidores públicos, que, a esta altura, já têm renda superior ao setor privado. Tudo pelo voto, é claro.
VARIEDADES
• O icónico Edifício Esplanada, em São Paulo, com 50.000 m2 de área construída e com 30 andares, vem sendo restaurado e continua uma referência do centro da cidade. O empreendimento deveu-se a Henryk Spitzman Jordan, associado a empresários locais e poloneses de relevo chegados com ele ao Brasil, em 1940, como o Príncipe Sanguszko e o arquiteto autor do projeto Lucjan Korngold. O edifício foi inaugurado em 1948. Outra construção histórica, o edifício sede da Light, projeto dos arquitetos americanos do escritório Preston e Curtis, abriga hoje um shopping, respeitadas suas linhas externas. Tudo dentro da política de recuperação do centro das duas maiores cidades do Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro.
• As prévias do PSDB, partido do ex presidente FHC, acabaram não acontecendo por problemas no programa para a votação dos 45 mil filiados ao partido. Um desgaste, agravado pela possível saída da legenda do ex-governador de São Paulo em dois mandatos e duas vezes candidato a Presidência da Republica, Geraldo Alkmin. Todas as análises de tendências do eleitorado consideram que só o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, teria condições de disputar ser a terceira via, mas o governador de São Paulo, João Doria, continua a ser o favorito para a indicação do partido.
• A situação do Presidente Bolsonaro em relação ao ingresso em um partido continua sem solução . Ele entra mas só se for para mandar. O que tem tornado as negociações difíceis.
• O Carnaval divide os brasileiros. Muitas cidades não promoverão a festa em nome da segurança quanto a pandemia. Outras, como o Rio, mantém os festejos com base na diminuição de casos e óbitos. No Rio as vendas para o grande desfile de Escolas de Samba já sendo feitas e com sucesso, interno e externo. A hotelaria já conta com oitenta por cento de reservas para o período.
• A cantora Alcione completou 74 anos com direito a presença no Fantásticos programas líder da Rede Globo nas noites de domingos.
Rio de Janeiro, novembro de 2021