Membros da família sobreviventes da dinastia da moda Gucci já expressaram infelicidade com sua representação no novo filme House of Gucci .
Em nota divulgada esta segunda-feira, os herdeiros de Aldo Gucci – que dirigiu a casa de moda durante 33 anos, até meados da década de 1980 – disseram ter ficado magoados com “a falta de consulta dos cineastas”, bem como com a representação feita que lhes dá uma imagem de “bandidos, ignorantes e insensíveis ao mundo que os rodeia”. “Isso é extremamente doloroso do ponto de vista humano e um insulto ao legado sobre o qual a marca é construída hoje”, lê-se na nota.
A declaração contesta não só o filme em si, como também as “declarações de membros do elenco” aparentemente defendendo Reggiani, que diz ser “indulgente”: “Uma vítima que tenta sobreviver numa cultura corporativa machista”.
Segundo a família, diz o comunicado, a casa de moda italiana foi “uma empresa inclusiva” durante os seus 70 anos de história sob o controlo direto da família Gucci, e na década de 1980, quando o filme já estava quase todo ambientado, havia várias mulheres em cargos de chefia.
A declaração terminou denunciando o filme como um insulto. “A Gucci é uma família que vive a honrar o trabalho dos seus ancestrais, cuja memória não merece ser perturbada para encenar um espetáculo que não é verdadeiro e que não faz justiça aos seus protagonistas”. Porém, nenhuma ação judicial parece estar em andamento, já que a família pretende proteger o nome, a imagem e a dignidade de si próprios e dos seus entes queridos”.
Patricia Gucci, filha única de Aldo, já havia acusado Scott de “roubar a identidade de uma família para obter lucro”. Mas o diretor rejeitou essas críticas, citando a história complicada da família Gucci.
“Temos de nos lembrar que um Gucci foi assassinado e outro foi para a prisão, por isso não me podem acusar de querer fazer dinheiro”, disse Scott ao programa Today da BBC Radio 4 na semana passada.
Por sua vez, Reggiani, que foi libertada da prisão há cinco anos, também expressou desconforto pelos envolvidos no filme não a terem consultado.
Em resposta a isso, Lady Gaga disse que o achava desnecessário: “Só senti que poderia realmente fazer justiça a esta história se a abordasse com o olhar de uma mulher curiosa que estava interessada em possuir um espírito jornalístico para que pudesse ler nas entrelinhas o que estava a acontecer nas cenas do filme”, afirmou à Vogue. “O que significa que ninguém me ia dizer quem era Patrizia Gucci. Nem mesmo a própria Patrizia Gucci”, explicou.
O filme de Ridley Scott é estrelado por Al Pacino como Aldo Gucci, Jeremy Irons como seu irmão Rodolfo e Adam Driver como seu sobrinho Maurizio, que assumiu a empresa até ser assassinado em 1995 por um assassino contratado pela sua ex-mulher, Patrizia Reggiani (interpretada por Lady Gaga).
Baseado no livro “The House of Gucci: A Sensational Story of Murder, Madness, Glamour and Greed”, de Sara Gay Forden, escrito em 2000, o filme, acrescentou a família, atribui “um tom e uma atitude aos protagonistas que nunca lhes pertenceram".