DGS divulga posição técnica sobre a vacinação contra a covid-19 em crianças entre os 5 e 11 anos

A nota é da autoria da Comissão Técnica da Vacinação contra a covid-19 (CTVC), que apresentou em vários pontos as razões pelas quais decidiu dar ‘luz verde’ à DGS para avançar com a administração da vacina da Pfizer, sendo esta a única a circular na União Europeia para este grupo etário específico. 

DGS divulga posição técnica sobre a vacinação contra a covid-19 em crianças entre os 5 e 11 anos

A Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgou a posição técnica sobre a vacinação contra a covid-19 em crianças entre os cinco e os onze anos, na qual indica que a decisão "resulta de estudos internacionais e da consulta de outras fontes científicas", que remetem para a seguinte conclusão: "a avaliação de risco-benefício é favorável à vacinação universal de crianças nesta faixa etária, sendo prioritária nas crianças com comorbilidades consideradas de risco para a COVID-19 grave". 

A nota é da autoria da Comissão Técnica da Vacinação contra a covid-19 (CTVC), que apresentou em vários pontos as razões pelas quais decidiu dar 'luz verde' à DGS para avançar com a administração da vacina da Pfizer, sendo esta a única a circular na União Europeia para este grupo etário específico. 

"Atualmente as crianças com 0 a 9 anos constituem a faixa etária com maior incidência de infeção por SARS-CoV-2. As crianças com 5 a 11 anos constituem cerca de 40% do total de casos diagnosticados em pessoas com menos de 18 anos", assinalou a CTVC, explicando que o sintomas grave que poderão desenvolver devido à covid-19 é "nomeadamente o Síndrome Inflamatório Multissistémico, registando-se cerca de 1 a 10 casos de MIS-C por 100.000 infeções por SARS-CoV-2, em Portugal". 

Ao contrário do que acontece com jovens adultos vacinados com vacinas de mRNA, a CTVC disse que "não são conhecidos potenciais riscos associados a reações adversas mais raras, para estas faixas etárias, como, por exemplo, a ocorrência de mio/pericardites" registadas no grupo de adultos. 

A comissão também referiu as várias autoridades de saúde que deram um parecer positivo sobre esta vacinação – Agência Europeia do Medicamento, as autoridades de saúde dos Estados Unidos, Canadá e Israel -, solicitando, contudo, um parecer técnico a um grupo de especialistas em Pediatria e Saúde Infantil que considerou que “deve ser dada prioridade à vacinação dos adultos e dos grupos de risco, incluindo as crianças dos 5 aos 11 anos". 

Porém, de acordo com o grupo de especialistas em Pediatria, "poderá ser prudente aguardar por mais evidência científica antes de ser tomada uma decisão final de vacinação universal deste grupo etário. No entanto, consideramos que este grupo de trabalho é constituído por elementos com experiência para avaliar os benefícios e os riscos da vacinação para a saúde da criança e considerações detalhadas sobre impactos educacionais, sociais e económicos mais amplos deverão ser procuradas junto de outros peritos". 

Ainda assim, a CTVC considera "expectável" que "surjam novos dados nas próximas semanas" sobre a "circulação emergente da variante Ómicron", que até ao momento, as informações recolhidas indicam que esta estirpe "pode originar uma incidência mais elevada nas crianças com 5 a 11 anos do que aquela que foi assumida na análise risco-benefício", assinalou o parecer. 

"Não é ainda conhecida a história natural da infeção com esta variante, nomeadamente o risco de hospitalização, contudo a vacinação contra a COVID-19 tem demonstrado elevada efetividade contra a doença grave, mesmo perante a emergência de novas variantes que foram associadas a uma menor efetividade vacinal contra infeção", sublinhou a comissão. 

Agora, a avaliação que está por concluir incide-se sobre "o melhor intervalo entre doses a recomendar para estas faixas etárias, que constará no Parecer Técnico da CTVC sobre a vacinação contra a COVID-19 de crianças com 5 a 11 anos". 

A CTVC também irá manter a sua atenção na "evidência científica" e nas "recomendações dos Estados Membros da UE sobre a vacinação das crianças com 5 a 11 anos, as quais ainda não são conhecidas, podendo alterar a presente recomendação sempre que tal se justifique, nomeadamente, com dados que venham a ser conhecidos sobre o potencial de escape vacinal da variante Ómicron". 

Note-se que esta posição técnica é uma das bases que sustenta a recomendação da DGS para a vacinação de crianças. Amanhã, a DGS e o Núcleo de Coordenação de Apoio ao Ministério da Saúde irão prestar esclarecimentos técnicos, numa conferência de imprensa, nomeadamente sobre o calendário de vacinação e respetiva logística.

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