Polémica na pandemia

A pandemia cede, o número de óbitos é o mais baixo na média semanal em mais de um ano. Mas o presidente Bolsonaro insiste em ser protagonista e se dedicar ao assunto.

Por Aristóteles Drummond

A pandemia cede, o número de óbitos é o mais baixo na média semanal em mais de um ano. Mas o presidente Bolsonaro insiste em ser protagonista e se dedicar ao assunto. A última é ser contra o atestado de vacina para os que ingressam no Brasil, como recomenda a agência reguladora, Anvisa, e é prática internacional. Prefere quatro dias de quarentena para os não vacinados, de controle difícil. Curioso é que foi noticiado que a assessoria política do presidente estaria recomendando que ele se retirasse do debate pelo desgaste que vem provocando. A vacinação avança, passa agora dos 70%, sendo o caminho natural para combater bem a covid.

No mais, a recuperação da economia vem sendo prejudicada pela inflação, já na casa dos dois dígitos, e os três poderes, Governo, Judiciário e Legislativo, continuam gastando um dinheiro que não existe, provocando perda de confiança dos mercados. O imobiliário, que vinha bem, apresenta retração nos imóveis de classe média. É que está sendo prorrogada uma medida demagógica de suspender ações de desocupação por falta de pagamento, em função da pandemia. Ocorre que os imóveis de classe média, T2 geralmente, no mercado de arrendamento pertencem a retirados ou viúvas, que vivem da renda. Não parece justo e provoca reações.

O que salva a economia e mantém ativa boa parte da força de trabalho é a livre iniciativa. As empresas cotadas em bolsa estão apresentando lucros, muitas fusões acabam provocando novos investimentos. Empresas familiares que mudaram de mãos neste ano envolveram algo como um mil milhões e meio de euros equivalentes para estas famílias, que estão investindo em novos negócios ou aplicando no mercado de capitais. O receio de mais impostos assusta.
 
Variedades

· Finalmente, André Mendonça, o indicado pelo Presidente Bolsonaro, foi aprovado pelo Senado para a Suprema Corte. Mendonça é pastor evangélico, conforme promessa do Presidente de nomear um nome «terrivelmente evangélico». O novo ministro tem bom currículo. O Presidente e seus familiares poderiam ter sido mais discretos nas comemorações . 

· A gripe Influenza preocupa mais do que a covid em alguns lugares, como o Rio de Janeiro. Apesar de informações da área científica de que a nova variante não é agressiva e que não tem infetado até agora internado, continua o debate sobre se as festas de réveillon e carnaval devem ser realizadas ou não prossegue As principais cidades suspenderam, mas a decisão definitiva deve ser na semana do Natal. O trade do turismo está desorientado.

· A Latam, que está em processo de recuperação judicial, teve proposta de compra pela Azul e não aceitou. Nesta semana, voltaram à mesa de negociações. A Azul é a mais saudável entre as três aéreas brasileiras.

· Prossegue a anulação de condenações dos dirigentes do PT, por casos de corrupção, nos tribunais superiores. O curioso é que não se sabe o que vai acontecer com mais de um mil milhões de dólares devolvidos pelos condenados. Podem até pedir de volta. Cómico, se não fosse trágico. E o Governo não quer que a Câmara vote a prisão a condenados em segunda instancia.

· Pelé, com 81 anos, volta ser internado em São Paulo.

· Continua o modismo dos clubes de futebol de trocar de técnicos depois de perderem títulos. Não existe clube que só ganhe.

· Gastos do Governo e falta de reformas liberalizantes fazem o dólar subir diante do real. Apesar das reservas em excelente nível.

· O café de qualidade deve chegar a mais de 220 dólares a saca de 60 quilos, previsão dos produtores do sul d Minas Gerais, que respondem por um terço deste tipo de café. Já com o robusta, o Brasil caiu para a segunda posição mundial, com 20% do mercado, hoje dominado pelo Vietname, que tem mais da metade da produção mundial. Não só a produção caiu, fazendo aumentar o preço, mas também pela dificuldade de embarques pela falta de contentores. Uma exportadora voltou a embarcar o produto no porão de navio, com cerca de cem mil sacas.

· A brasileira Luiza Trajano, fundadora e CEO do Magazine Luiza, hoje uma das empresas líderes do e-commerce no Brasil, foi a única brasileira incluída na lista das 25 mulheres mais influentes do mundo do Financial Times. A empresária tem sido cortejada pelos candidatos à Presidência da República para ser vice. Mas não aceita nem conversar.

· Os analistas do Banco Itaú e do Credit Suisse preveem crescimento zero em 22 para a economia brasileira. 

Rio de Janeiro, dezembro de 2021