Depois de muita controvérsia, a Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou que o início do processo de vacinação dos mais pequenos ocorrerá no próximo dia 18 de dezembro. Numa conferência de imprensa sobre a inoculação das crianças com idades compreendidas entre os cinco e os 11 anos, estiveram presentes o secretário de Estado adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, e o coordenador do Núcleo de Coordenação do Plano de vacinação contra a covid-19, coronel Carlos Penha-Gonçalves.
Esta decisão foi tomada pela DGS depois de ter ouvido a Comissão Técnica de Vacinação e ponderado as questões logísticas. Deste modo, as crianças mais velhas, inseridas neste grupo etário, serão as primeiras a ser vacinadas. Nos dois primeiros dias – o próximo fim de semana – a prioridade será vacinar as pessoas com 11 e 10 anos.
Entre os dias 6, 7, 8 e 9 de janeiro – entre quinta e domingo – serão vacinadas as crianças entre os nove e os sete anos. A 15 e 16 de janeiro, chegará a vez das crianças entre os seis e os sete anos. A 22 e 23 de janeiro, as crianças de cinco anos. Posteriormente, já entre 5 de fevereiro e 13 de março – 6 a 8 semanas depois da primeira dose -, serão administradas as segundas doses a esta faixa etária, completando a mesma o esquema vacinal. Tal como no caso dos adultos, as crianças com comorbilidades terão sempre prioridade em relação às restantes.
Importa referir que, à semelhança dos adolescentes e dos adultos, a modalidade de autoagendamento ficará disponível para os mais jovens na próxima segunda-feira. «Temos um plano, temos logística, temos excelentes profissionais de saúde e temos confiança para o aplicar», afirmou Lacerda Sales, ao esclarecer que a vacinação dos adultos estará suspensa nestes dias para que o processo seja exclusivo para os mais pequenos e decorra com mais tranquilidade. Ainda que esta informação já tenha sido veiculada, o parecer técnico já se encontra disponível no site oficial da DGS para que os pais destas crianças possam esclarecer as suas dúvidas.
Também ontem foram divulgados os resultados de um estudo levado a cabo pela Euroconsumers – grupo com sede no Luxemburgo que se dedica à defesa dos direitos dos consumidores – acerca das «opiniões e expectativas dos consumidores portugueses e europeus sobre a gestão da pandemia, nomeadamente, o processo de vacinação», como é possível ler num comunicado enviado aos órgãos de informação.
Apesar de mais de 60% dos portugueses – com mais precisão, 67% – serem a favor da obrigatoriedade da inoculação contra a covid-19 para a população adulta, apenas 52% concordaram com a vacinação obrigatória para menores com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos, sendo que este valor é superior ao de 48% registado a nível europeu.
Se tivermos em conta somente as crianças com idades inferiores a 12 anos, o valor é de 42% em Portugal e 38% no resto da Europa. Importa também referir que, «nos agregados familiares com crianças abaixo dos 12 anos, muitos dão conta da incerteza que sentem quando está em causa uma possível vacinação nesta faixa etária. No entanto, a maioria (56%) é a favor de os vacinar. Apenas 13% dos inquiridos não o fariam».
Este estudo resultou de uma parceria entre organizações de consumidores de Portugal, Espanha, Itália e Bélgica e teve lugar durante as primeiras semanas de novembro. Foram recebidas um total de 4155 respostas válidas, das quais 976 de Portugal. «Os dados foram ponderados por género, idade, região e nível de educação por forma a refletir as características da população entre os 18 e os 74 anos».