Sindicato denuncia surto de covid-19 com mais de 30 casos na fábrica de conservas Ramirez. Empresa nega

Os funcionários afirmaram que o surto começou “há cerca de duas semanas”, contudo, “ao invés de terem sido promovidas medidas de contenção, alguns quadros dirigentes optaram ainda por participar nos habituais jantares de confraternização da quadra natalícia, de onde se desconfia ter resultado uma ainda maior potenciação do contágio generalizado”.

Mais de 30 trabalhadores da fábrica da conserveira Ramirez, em Matosinhos, estão infetados com covid-19, revelou, esta segunda-feira, o SINTAB – Sindicato dos Trabalhadores da agricultura e das indústrias da alimentação, bebidas e tabacos de Portugal, que ainda denunciou a falta de medida de prevenção. 

Segundo uma nota enviada pelo SINTAB à qual a agência Lusa acedeu, o surto já conta com mais de 30 casos confirmados, "numa fábrica que emprega cerca de 200 pessoas, sobretudo mulheres". 

Os funcionários afirmaram que o surto começou "há cerca de duas semanas", contudo, "ao invés de terem sido promovidas medidas de contenção, alguns quadros dirigentes optaram ainda por participar nos habituais jantares de confraternização da quadra natalícia, de onde se desconfia ter resultado uma ainda maior potenciação do contágio generalizado", assinalou o sindicato. 

"Se, na passada terça-feira, estavam identificados 12 casos positivos de contágio, a falta de medidas extraordinárias, e um novo jantar de Natal (já depois de se ter sinalizado o da semana anterior) rapidamente elevaram os números para mais de 30, ao dia de hoje", sublinhou o SINTAB no comunicado. 

O sindicato também referiu que "só hoje, com a anulação dos testes rápidos que a empresa ia fazer, e com o agendamento para amanhã de uma iniciativa de testagem universal com testes PCR, é que se identifica uma intervenção coordenada das autoridades de saúde".

"Esta é a evidência da gestão economicista que o SINTAB tem vindo a denunciar desde o início da crise pandémica, em que a segurança e a saúde dos trabalhadores tem sido sempre colocada em segundo plano, em todo o setor da alimentação que, fruto dos confinamentos, tem assistido a um aumento considerável das encomendas, maioritariamente nas massas alimentícias e conservas, inerente ao grande crescimento do consumo doméstico", vincou o sindicato.

A empresa de conservas Ramirez negou a veracidade destas informações. Ao ser contactada pela SIC Notícias, a fábrica indicou que já não realiza jantares de Natal desde 2018 e que os casos positivos diagnosticados, cerca de "cinco/seis" pessoas apenas, podem estar ligados a um "jantar de amigos", onde estiveram presentes alguns funcionários, podendo ter tido "um impacto", necessariamente no número de trabalhadores em isolamento profilático. 

Também negou o suposto número total de positivos e pessoas em isolamento, havendo apenas cerca de 15 pessoas afetas e não mais de 30 pessoas como o sindicato acusa. Segundo a Ramirez, este grupo não compromete a produtividade da fábrica, garantindo ainda o cumprimento de "todas as medidas de proteção, nomeadamente o controlo da temperatura" para o acesso ao local de trabalho.