O pai do DJ sueco Avicii, encontrado morto aos 28 anos, em 2018, falou abertamente sobre o suicídio do filho e culpa a “combinação perigosa” entra a “fama e a riqueza”.
Avicii, nome artístico de Tim Bergling, suicidou-se em abril de 2018, quando passava férias com amigos em Omã. Na época da sua morte, já se encontrava afastado dos grandes palcos há dois anos, após ter decidido lutar contra o seu vício em drogas e álcool.
Em entrevista ao Sunday Times, Klas Bergling revelou que o filho sempre foi uma “criança séria” que lidou com várias crises de ansiedade, especialmente durante a adolescência.
“Ele era uma pessoa tímida. Não era do género de entrar numa sala e começar a falar ou a fazer discursos”, considerou o pai, acrescentando que a rápida ascensão da carreira de Avicii “tornou-se um problema”.
O alcoolismo de Avicii – que o próprio chegou a admitir em entrevistas ser “a única maneira” de se “soltar” – evoluiu de forma tão repentina que chegou a ter de ser internado com episódios de pancreatite. O vício das drogas viria depois, quando começou a ser tratado com opioides para lidar com a dor.
“Naquela altura, comecei a ficar preocupado”, afirmou, Klas Bergling. “Ele ficava facilmente chateado, facilmente irritado. Foi difícil falar com ele”.
Em 2015, os amigos e a família do artista juntaram-se numa intervenção para o obrigar a ser internado numa clínica de reabilitação.
“Eu vi nos olhos dele que ele sabia que algo estava a acontecer. Foi dos piores momentos da minha vida, porque tu sentes que traíste o teu filho. Mas aquilo tinha de ser feito. Foi ingénuo. Já ouvi milhares de vezes que a luta começa quando estás sóbrio”, lembrou.
Após o internamento, os problemas com o álcool e a droga ficaram tratados, mas os problemas de saúde mental voltaram ao de cima. O jovem anunciou, em 2016, que se iria reformar e deixar os palcos de forma a recuperar.
Quase quatro anos após o suicídio de Avicii, o pai confessa que ainda não sabe completamente quais os motivos que levaram à decisão do filho. “É assim que somos enquanto seres humanos. Queremos uma explicação”, considerou, sublinhando que “a fama e a riqueza” são uma “combinação perigosa”.
“O Tim tinha muito orgulho no nome Avicii, mas não queria ser Avicii. Ele queria ser o Tim”, rematou.
Klas Bergling e a mulher, Anki Liden, criaram, em 2019, a Fundação Tim Bergling, que tem como objetivo reconhecer o suicídio como uma emergência da saúde global.