Ordene-se corretamente o grau de importância e utilidade dos seguintes elementos: informação, conhecimento e compreensão. É necessária informação para que possa existir conhecimento, e conhecimento para que possa ser extraída sabedoria via compreensão da informação inicial.
Informação pode dizer-se todo e qualquer dado, independente da sua forma ou natureza, quando desprovido de contexto. Quando a informação se encontra organizada é suscetível de ser compreendida, de acordo com o contexto em que se insere. Uma vez interpretada, a informação compreendida torna-se sabedoria, na medida das limitações, propriedades e funcionamento do sistema.
É este último que permite ao indivíduo expandir a sua influência sobre a ordem natural do meio que o envolve: de pouco vale saber gerar fogo se não se compreende para que serve, ou o impacto que tem na interação com objetos de diferentes características.
Sou da opinião de que, como consequência da necessidade de compreensão, a educação e desenvolvimento intelectual de um qualquer jovem deveria de estar centrada no problema e nunca na ferramenta. Ou seja, focar-se no domínio das propriedades do problema. Saber gerar e manusear fogo nada diz sobre a capacidade do indivíduo intermediário compreender de que forma o pode usar para cozinhar, iluminar, aquecer ou proteger.
Penso de tal forma por julgar que, para além de mais eficiente, é a melhor organização possível para tornar alguém verdadeiramente autónomo no seu raciocínio e tomada de decisão. Alguém que domine o uso do martelo, mas não compreenda a circunstância, será bem-sucedido com pregos, mas falhará redondamente com parafusos. A resolução de um qualquer problema requer a substituição da utilização mecanizada da ferramenta pela abordagem crítica ao desafio.
Para além disso, aos dias de hoje, a informação está disponível de tal forma que facilmente se pode ter acesso à esmagadora maioria das ferramentas. Acresce à referida disseminação de dados a crescente implementação da robotização e automatização de processos repetidos que, caso o leitor não tenha ainda reparado, se trata precisamente da utilização previsível dos ‘martelos’.
Acredito, por todas as razões referidas anteriormente, que estão reunidas as condições à sua volta para que o leitor se emancipe psicológica e intelectualmente das ferramentas para se ‘descolar’ da acumulação desmedida de informação ou compreensão, para que se aproxime do objetivo último de todo o processo: executar, com sabedoria e conhecimento de causa. O fogo é uma ferramenta poderosa nas mãos daqueles que compreendem os problemas para os quais este pode ser a solução a sua respetiva aplicação.